Quique Flores não esquece a passagem pelo Benfica. Em entrevista ao «El Español» o técnico falou dos primeiros meses no comando do Watford mas também recordou o trajeto até aqui, assumindo que a etapa na Luz é um capítulo mal encerrado.
 
Quique recordou a «final maravilhosa» que venceu, a Taça da Liga, mas falou também de «um ano de transição». «Porto e Sporting estavam muito fortes naquele ano, e as expectativas da nossa equipa a nivel de jogadores não foram as melhores. Ganhámos um título mas foi curto. Tenho uma espinha encravada com esse clube», assumiu.
 
O técnico saiu no final da época, e disse ter «decidido que devia voltar a uma liga potente como a espanhola». «Entendi que a Liga portuguesa não me proporcionava essa competitividade, para além de que a equipa não era melhor. Com o tempo percebi que devo uma ao Benfica», afirmou.
 
Quique rumou depois ao Atlético de Madrid, «como ex-jogador do Real e numa época muito difícil», recordou. «Se tivesse pensado friamente não tinha ido, mas apaixonam-me os desafios. Encontrei uma situação difícil, instável, de depressão absoluta. Mas dar a volta a essas situações é que das coisas mais bonitas que podes alcançar. Esse agradecimento dos adeptos e dos jogadores foi algo irrepetível», descreveu o técnico, que ganhou a Liga Europa e a Supertaça Europeia com os «colchoneros».
 
Agora no Watford, Quique diz que a Premier League tem «confirmado as expectativas». O técnico explicou que tinha definido que só ia aceitar projetos em Espanha ou Inglaterra, e que o Watford era «o lugar ideal» para estrear-se na Liga inglesa.
 
«Sabia que ia ser complicado porque temos uma equipa nova, com catorze reforços, muitas nacionalidades, e era preciso conquistar o respeito dos adversários. Os resultados contam muito nos primeiros jogos, mas conseguimos. Estamos contentes», afirmou Quique, sem pensar além da luta pela permanência.
 
Atualmente com 50 anos, Quique falou ainda ao «El Español» sobre as principais influências na forma de treinar: «Benítez foi uma grande referência no início. Analisei muito o Valencia campeão. A marcação zonal, a estrutura de bloco ofensivo e defensivo, a pressão, etc. Depois fixei-me na figura emergente e importante de Guardiola, que é aquela que nos abre os olhos para o futebol ofensivo. Onde se pode provocar estragos, como criar espaços...Procuro misturar os métodos para conseguir a excelência.»
 
Questionado sobre a eventualidade de assumir o comando da seleção espanhola um dia, Quique elogiou o trabalho de Vicente del Bosque e também do antecessor, Luís Aragonés, para depois assumir que seria «uma oportunidade única treinar uma geração única».