Luca Toni anunciou o ponto final numa carreira iniciada em 1994. O adeus oficial do atual jogador do Hellas Verona ficou marcado para este domingo, frente à Juventus, clube que também representou.

O ponta de lança italiano de 38 anos jogou por oito emblemas diferentes da Serie A nestes 22 anos de carreira que incluíram uma transferência para fora de Itália para representar o Bayern Munique.

Toni marcou 156 golos em 336 jogos feitos na Serie A: por Vicenza, Brescia, Palemo, Fiorentina (duas passagens), Roma, Génova, Juventus e Verona. No Bayern Munique fez um total de 88 jogos com 58 golos em todas as competições.

O jogador italiano nascido há 38 anos em Pavullo nel Frignano, na província de Modena (o seu primeiro clube), sucedeu a uma geração de futebolistas italianos que deram pontas de lança como Filippo Inzaghi e Christian Vieri.

Quatro anos mais novo do que ambos, Toni tinha nos braços uma herança de responsabilidade – Inzaghi veio a acabar a carreira com os mesmos 156 golos marcados em 370 jogos na liga italiana; Vieri marcou 167 em 344 partidas na Serie A. Como se vê pelos números, Luca Toni não deixou em mãos alheias a honra dos matadores italianos.

Nas duas vidas (já referidas no artigo acima relacionado), a primeira foi vivida por Toni em cheio. O ano de 2006 foi o de maior glória com a conquista do título de campeão do mundo pela seleção da Itália meses depois de se ter consagrado o melhor marcador das ligas europeias.

Luca Toni foi o primeiro jogador italiano a ganhar a Bota de Ouro de melhor marcador europeu com 31 golos na Serie A pela Fiorentina em 2006 – havia 50 anos que não se marcava mais de 30 golos no campeonato italiano...

Se atualmente ainda é pouco frequente os jogadores italianos de topo deixarem o seu «calcio» há uns anos ainda o era mais. Vieri (no At. Madrid em 1997/98 e depois no Monaco em 2005706) ou Pierluigi Casiraghi (no Chelsea de 1998 a 2000) foram umas das exceções (falando dos pontas de lança). Toni também o fez.

Em 2007/08 escolheu (e foi escolhido) por um grande europeu em vez de um grande do seu país. O ponta de lança italiano foi para o Bayern Munique de Ottmar Hitzfeld (na segunda e última passagem do treinador pelo clube bávaro). Os números individuais de Toni foram bons e os dois únicos títulos de campeão nacional que tem aconteceram na Bundesliga.

Sem títulos europeus de clubes, Luca Toni guarda do jogo da segunda mão da Taça UEFA, frente ao Getafe, uma das melhores recordações das suas provas da UEFA. Depois de uma igualdade a um golo na Alemanha, o jogo em Espanha foi dramático e decidido pelo italiano.

O Getafe (com um jogador expulso) marcou e ficou em vantagem antes do intervalo. Ribéry (que foi com Toni nessa época para Munique) conseguiu empatar a eliminatória ao minuto 89. No prolongamento, a equipa espanhola marcou dois golos em quatro minutos (3-1). Luca Toni marcou aos 115 e aos 120. O jogo ficou 3-3 e o Bayer passou num jogo épico.

A terceira época em Munique foi de um ocaso que só clareou com um regresso a Itália, mas onde esta segunda vida já não teve o encanto da primeira. A passagem pelos Emirados Árabes e o regresso a Florença pareciam ser o canto do cisne de Luca Toni.

Esse só acabou por acontecer em Verona. Luca Toni marcou 20 golos na primeira época e 22 na segunda (em 34 e 38 jogos na Serie A, respetivamente). Em 2014/15, os 22 golos voltaram a consagrá-lo melhor marcador em Itália. Mas, nesta temporada, ficou por cinco golos em 15 partidas. Decidiu parar aos 38 anos.

O reino dos matadores italianos está agora mais deserto. Antonio Di Natale (que o sucedeu na seleção italiana sem títulos desde 2006) vai mantendo o legado tendo até um registo na Serie A superior a Toni, Vieri ou Inzaghi (com 208 golos em 438 jogos). Entre Empoli e Udinese até aos atuais 38 anos, porém, nunca conseguiu a dimensão nacional ou internacional daqueles (sem ganhar qualquer título).

Jogadores como Mario Balotelli, Ciro Immobile ou Stephan El Shaarawy ainda apenas conseguiram dar à Itália a esperança de voltar a ter um matador de respeito no seu futebol. Graziano Pellè e Éder Martins chegaram tarde e ainda têm menos tempo para essa afirmação. Luca Toni já não era uma figura como na sua primeira vida. O fim da sua segunda fará o «calcio» pensar.