Os «Lugares Incomuns» do futebol internacional permaneceram no Brasil para assistir à segunda mão da grande final da Taça. Após a surpreendente vitória do Grémio por 1-3 fora de casa, o Atlético Mineiro até conseguiu não perder longe do seu reduto mas não foi além de um empate a uma bola que não chegou para inverter a conquista por parte do «Tricolor Gaúcho». Um empate conseguido no último minuto de jogo com um golo de autor, atrás da linha do meio campo, por Cazares. Foi mais um «gol que nem Pelé fez», como gostam de dizer os adeptos brasileiros, num dos campos do país do futebol. Um golo que serve de mote para descodificar mais um mini talento sul-americano.

Nascido em Quinindé, uma cidade do Equador, Juan Ramón Cazares Sevillano deu os primeiros passos com a bola ao serviço do Independiente del Valle. Passos que não passaram despercebidos aos olheiros e que ainda com idade de júnior lhe valeram a mudança para a Argentina onde representou o histórico River Plate. Foi, no entanto, após um empréstimo ao Banfield e posterior contratação que chegou até à seleção do seu país, onde já cumpriu 17 internacionalizações. Aos 24 anos assinou um contrato de longa duração com o Atlético Mineiro e a época de estreia dificilmente podia ter corrido melhor a nível individual.

Embora por definição jogue quase sempre a partir da faixa, são poucas as vezes em que joga no corredor lateral como um extremo puro, mas sim como uma pedra móvel em direção ao corredor central onde cria desequilíbrios através da condução e do passe. Na seleção prova que é capaz de dar largura num 4x3x3 bem vincado, enquanto no seu clube aproveita bem melhor as zonas interiores. Tem tudo a ver com o que pede o treinador a si e à equipa.

Na formação foi mais vezes um “10”, num contexto em que a capacidade física é menos valorizada pelos técnicos, aproveitando essa aprendizagem para adquirir ferramentas que estão sempre presentes no seu jogo enquanto ala. É bastante eficaz no momento da decisão no último terço do campo e fortíssimo a pensar e executar ao primeiro toque. Tem também um impressionante drible em espaços curtos. Já no um para um prefere usar a velocidade e as mudanças de direção.

No Brasil conseguiu um registo interessante, na primeira temporada, de 10 golos em 40 jogos. Um registo que relevo por ser um jogador que se destaca essencialmente no capítulo das assistências, que foram muitas e primorosas, tanto de bola corrida como de bola parada em que é especialista principalmente nos cantos e livres laterais. Porém, como em tudo, não há perfeição e a Cazares para além de faltar aprimorar os momentos defensivos, falta também solidificar o seu controlo emocional.