Os «Lugares Incomuns» do futebol internacional abrem 2017 com nova visita à Bélgica. Com o ano ainda a dar os primeiros passos, o olhar é para uma maiores confirmações de 2016 e simultaneamente para quem pode (finalmente) subir o degrau que lhe falta.

Corria a temporada 2013/2014 quando Pozuelo mostrava-se no palco futebolístico mais iluminado que é a Premier League. Aquele médio de apenas 172 centímetros ia pincelando com superior qualidade todos os pedaços do relvado no corredor central. Utilizado regularmente (fez 36 jogos) mas sem padrão (ao nível dos minutos por partida), nunca foi uma aposta incontestável do «Michael Laudrup treinador», cuja classe em nada fica a dever ao «Michael Laudrup jogador». Em campo, Pozuelo deliciava e fazia augurar um trajecto mais linear para a sua carreira, mas está no entanto a percorrer um caminho ainda mais meritório pelas dúvidas que colocaram em relação ao seu futebol. E se num Swansea com Leon Britton, Jonjo Shelvey, Michu (que nessa época voltou à posição de origem deixando a vaga de ponta-de-lança para o contratado Wilfried Bony), Ki Sung-Yueng e Cañas percebia-se a dificuldade de agarrar a titularidade, o mesmo não aconteceu em relação ao Bétis na era pré-galeses e ao Rayo Vallecano na era pós-galeses.

O talento pode ter mais ou menos facilidade em evidenciar-se, subjectivo face ao observador e tendo em conta o carácter utilitário para o treinador. Se para o primeiro é fácil perceber que os resumos não são os melhores amigos do jogador espanhol, para o segundo a teoria não tem resposta a algo que estará sempre confinado ao treino. Pozuelo é o maestro que veste a capa da invisibilidade quando ocupa a posição de armador, ganhando protagonismo quando se aproxima da grande área e transforma o passe de criação em passe de definição. Foi esse o maior mérito do Genk no seu aproveitamento.

Álex tem uma técnica prodigiosa que faz questão de demonstrar com a cabeça sempre levantada, junta-lhe um drible simples e eficaz um pouco a fazer lembrar Leo Messi até nos túneis estreitos, enquanto aos 25 anos continua à procura de encontrar o fundo das redes com a frequência que apenas teve na equipa B do Bétis. Na criação não deve nada a ninguém. Para além das assistências que vai fornecendo em quantidades industriais, sendo mesmo actualmente o segundo melhor da Liga Europa nesse parâmetro, ficámos também a conhecer recentemente (através de dados Opta fornecidos pelos portugueses GoalPoint) que é dos que mais passes chave faz colocando colegas apenas com o guarda-redes pela frente. Um 10 puro para gáudio dos saudosistas, mas também um 10 puro que continua com várias portas fechadas pelo atrevimento de querer ser nestes dias aquilo que não deixam ninguém ser sem uma máquina do tempo.