Os «Lugares Incomuns» do futebol internacional recorreram à bússola para chegar até à Colômbia. Foi lá que nasceu, viveu e cresceu a figura que aqui é destacada esta semana.

Cali. Oficialmente Santiago de Cali. É a única cidade desta ainda curta história. A história de Benedetti é a história do «jogador-adepto». A história de um pequeno hincha do Deportivo Cali que acabaria por vir a jogar no clube da sua terra natal e por quem torcia e sentia pela TV.

Tudo começou, como praticamente acontece com todos os meninos, numa pequena equipa da cidade. Perto, geograficamente, do palco de sonho. Longe, futebolísticamente, de imaginar lá chegar. Mas rapidamente quis aprender mais e tomou a iniciativa.

Nicolás ingressou na Escola de Futebol «Carlos Sarmiento Lora», uma academia especializada para o alto rendimento no desporto rei, que o próprio garante ter sido a principal impulsionadora para elevar o seu jogo. Um torneio em Itália, onde se exibiu por essa academia, acabou por o levar até onde queria.

Formado, na sua etapa decisiva, no Deportivo Cali, por lá continua. Em 2015, com apenas 17 anos, estreou-se na equipa principal e logo com 16 jogos. Em 2016 (28j) já foi titular indiscutível. Esta temporada deverá confirmar que estamos perante alguém que está pronto para vir aprender o que lhe falta na Europa.

Aos 19 anos é treinado por Mario Yepes (ex-jogador do AC Milan) e uma das peças mais valiosas dos Azucareros. Pelo que joga, pelo que pode vir a render ao seu clube e por ser agenciado pelos mesmos responsáveis de jogadores como Juan Quintero (ex-FC Porto) e Davy Klaassen do Ajax. Quanto às semelhanças, estão apenas na posição que ocupa.

Benedetti é um médio ofensivo (177cm) com um misto de características triviais e invulgares para quem ocupa a posição 10. Tem na sua génese pisar os terrenos do corredor central, enfrentar espaços curtos e a vocação de definir com grande critério o último passe. Surpreende principalmente pela mudança de velocidade que consegue imprimir como factor inato e ainda pela facilidade em atingir zonas de finalização.

Bastante tecnicista e capaz de desiquilibrar individualmente também pelo drible, faz  no entanto tudo de forma muito simples e pouco deslumbrante. É essencialmente eficaz, faz o que tem de fazer, e eficiente, operacionaliza-as da melhor forma. Como aliás acontece com os pés. É destro mas confia no pé esquerdo sobretudo para rematar.

Junta a tudo isto algo não menos importante: remate de meia e longa distância, pelo pontapé forte e pela capacidade de dar efeito às bolas em direção aos postes mais distantes do guarda-redes. O jogo de cabeça é apenas aquele que pensa para a sua equipa através da inteligência táctica.

Um colombiano que não é poeta como foi o uruguaio Mario Benedetti mas ganhou essa alcunha, pela coincidência de apelido. Capaz sim de o fazer com a bola em cada ação do jogo e que seja qual for o próximo passo da carreira, levará as marcas verde e brancas eternas do seu Deportivo Cali.