Os «Lugares Incomuns» do futebol internacional nem precisaram de sair da América do Sul. Esta semana a paragem teve lugar no país de Luis Suárez e Edinson Cavani. É no Uruguai que desperta um talento entusiasmante que parece ter atingido a fase de preparação indicada para ser libertado.

A história de Gastón Rodríguez é facilmente confundida com a história recente (final do século XX e início do século XXI) da capital do país. Foi lá que nasceu em 1992 e é lá o único espaço com marcas do seu futebol até este momento.

Logo aos 15 anos, ingressou nas camadas jovens do Montevideo Wanderers, clube em que jogava o irmão mais velho, Maxi Rodríguez. Aos 19, seria chamado pela primeira vez à equipa sénior e no mês em que fez a estreia (setembro) também aproveitou para começar a marcar.

Uma relação com o golo inicialmente tímida, natural face à subida de degraus competitivos, espelhada em 2012 (17 jogos 2 golos) e em 2013 (21/2), antes de uma evolução acentuada.

Na terceira época, chegou a afirmação como titular regular (34 jogos) e com essa realidade vieram os registos: 11 golos e 9 assistências. Em 2015, atirou a contar mais 9 vezes e 2016 servirá como base priviligiada de análise às características que o levam a ser destacado nesta rubrica.

Melhor marcador (19 golos) e melhor jogador da Primera, transferência dos Bohemios para os aurinegros do Peñarol e o seguimento do percurso noutra equipa da cidade de Montevidéu.

Rodríguez é extremo direito, também joga com frequência à esquerda, podendo ainda encaixar como um «nove e meio» ou «falso 9». Esta versatilidade está muito presente nos seus movimentos dignos de todas as correntes artísticas, mas tem um espaço preferencial.

É a partir da ala direita que exibe o que tem de melhor. Usa e abusa das diagonais a partir da faixa, sempre com um trato da bola (em condução) acima da média e com o seu pé esquerdo pronto a finalizar. Sabe aproveitar essa valência de criar desequilíbrios respeitando as subidas do lateral e não se inibe de procurar as redes (e encontrar) através da perna direita.

Impressiona ainda pela estatura (1.87m) para o posto, embora não seja visível no seu jogo por ser limitado nas linhas aéreas (também na conquista da primeira bola) e pela capacidade que tem em reagir aos erros dos oponentes. Dotado nos espaços curtos, dá a ideia que tem ginga para o futebol com menor tempo para pensar e executar da Europa.

Para já vai correspondendo (apontou 5 golos) no novo desafio e aproveitando para piscar o olho, na montra da Libertadores, aos transeuntes do bom futebol sem amarras.