Os «Lugares Incomuns» do futebol internacional estacionaram pela primeira vez no Médio Oriente para contemplar aquele que ameaça roubar o protagonismo a Nasser Al-Attiyah como o «Príncipe do Qatar». Youssef Msakni pode não ser multifacetado como o desportista olímpico, mas tem na sua idiossincrasia futebolística uma arma superior à capacidade de tiro do qatari.

Depois de dar os primeiros passos ao serviço do Stade Tunisien, a afirmação aconteceu nas cinco temporadas nos também tunisinos Espérance de Tunis, que serviram de trampolim para a sua boa relação com o clube do Qatar. A moeda (neste caso, as notas, muitas notas) surgiram do Lekhwiya, o clube com maior orçamento do Qatar. Desde que foi rebatizado em 2009 e chegou à principal liga (em 2010-2011), o antigo Al-Shorta Doha já venceu 4 campeonatos e lidera sem derrotas a actual edição da Qatar Stars League. Youssef é participante activo desde 2012/2013, uma participação com direito a todos os dribles conhecidos no mundo do futebol mas também aos que dá a conhecer, com golos de todas as formas e feitios imagináveis e inimagináveis, assistências com todas as partes do corpo e classe, muita classe, em «skills» dignos de figurar no reportório de qualquer «freestyler».

Uma delícia. Um tratado. Fenomenal. Sensacional. Divinal. Magistral. Todas as expressões parecem escassas para alguém que devia ser considerado «o jogador para quem vive futebol». Não sendo o que melhor pensa o jogo, não sendo o que melhor cria, o que melhor remata, o que melhor dribla, é bem capaz de ser aquele que mais adeptos consegue meter num estádio independentemente da cor ou do escudo cravado na camisola. Um Ronaldinho «wannabe» pago a peso de ouro, que dificilmente algum dia terá direito aos poucos anos do brasileiro na ribalta do futebol mundial. A prova de que o dinheiro pode comprar sonhos mas também derretê-los.

Youssef Msakni joga como extremo puro, médio interior ou número 10 devido às suas características facilmente adaptáveis a estas posições. Não sendo veloz, tem boa mudança de velocidade, mas é sobretudo através da fantástica técnica individual que se torna imparável no 1x1 perante defensores a anos-luz da sua qualidade competitiva. A partir da faixa, entra na área em diagonais e é com uma facilidade invulgar que coloca a bola no ângulo superior do poste mais distante. Faz «pedaladas» como o Robinho e acrescenta eficácia na finalização à Neymar. No corredor central pega na batuta para marcar ritmos quase à imagem e semelhança de um Kaká. É a faceta tropical de um internacional tunisino que encantou na CAN até aos quartos de final e destoa dos demais.