Chamam-se Ludovic, David Simão e Anthony Lopes. Jogam pelos sub-21 portugueses. Chamam-se Frederic Maciel, Mickaël Meira e Alexandre Frade. Jogam pelos sub-18 portugueses. Há outros casos, como Manuel da Costa que já foi chamado para a selecção principal, mas nunca jogou. E há os casos invertidos: Kevin Gameiro, por exemplo. Preferiu jogar pela França.

Mas vamos concentrar-nos nos primeiros. Além do facto de representarem as selecções jovens portuguesas, ambos têm a particularidade de ter nascido em França, e de terem escolhido as selecções das Quinas. Antes de tudo, é preciso assinalar que Ludovic (Feirense), David Simão (Benfica), Frederic (F.C. Porto) e Mickaël Meira (Sporting) voltaram a Portugal ainda crianças, por causa da «saudade» dos pais da pátria natal.

«Sentes-te mais português em ti»

No caso de Anthony Lopes e Alexandre Frade, a história é diferente. Vivem em França e jogam em clubes gauleses. Lopes é terceiro guarda-redes no Lyon, Frade ainda está nas camadas jovens do Nantes. Dilema para alguns, a escolha por Portugal fez-se naturalmente para eles. E ambos não encontram uma razão para defini-la.

«Não é uma coisa que se explique. Sentes isso em ti. Sinto-me mais português do que francês», explica Anthony Lopes, guarda-redes dos sub-21. «Portugal é o meu país de coração», diz Alexandre Frade. O jovem médio defensivo (17 anos) pode estrear-se com a camisola das Quinas frente a Noruega no próximo dia 22 de Novembro.

Ilídio Vale diz que é preciso melhorar a propecção

«Quando me chamaram, fiquei surpreso», confessa. «Mas é um grande prazer e não hesitei», acrescenta. Já fora chamado para um estágio no mês passado, e a convocatória vai na continuidade da observação iniciada por Emílio Peixe, seleccionador dos sub-18. Agora, já está a aprender o hino e a melhorar a prática da língua.

De uma certa forma, Portugal venceu a corrida a França. «Se a França me tivesse chamado antes, teria reflectido porque é uma grande selecção», admite. E se voltar a chamar? «Depende de muitas coisas, mas sim, voltarei a pensar. Mas Portugal é minha prioridade», relembra este adepto do F.C. Porto e fã de Raúl Meireles.

O caso de Anthony Lopes é semelhante. Foi ele quem decidiu escolher Portugal, sem pressão da família. Representou Portugal a partir dos sub-17, após um estágio conclusivo em Lisboa. Subiu os escalões, até ser hoje o guarda-redes dos sub-21. Actualmente está a recuperar de uma fractura do perónio e é substituído por Mika, outro luso-descendente.

«É uma alegria representar Portugal. Prefiro jogar para eles do que para a França. Prefiro que seja Portugal a ganhar o Campeonato do Mundo do que a França», afirma quem tem os pais naturais de Barcelos e Bragança.

Luso-descendentes nas selecções nacionais:

Selecção A

Manuel da Costa (Lokomotiv Moscovo)

Sub-21

Anthony Lopes (Lyon)

Ludovic (Feirense)

David Simão (Benfica)

Mika (Benfica)

Cedric Soares (Académica)

Sub-18

Mikael Meira (Sporting)

Frederic Maciel (F.C. Porto)

Alexandre Frade (Nantes)