O treinador do Palmeiras, o português Abel Ferreira, saiu «triste» pela expulsão apesar da vitória ante o Cuiabá de Ivo Vieira, no arranque do Brasileirão, defendendo que não percebeu porque é que viu o cartão vermelho e mostrando-se «curioso» pelo que vai ser escrito no relatório pela equipa de arbitragem.

«O vermelho, sinceramente, não entendo. O árbitro está do outro lado, eu estou a reclamar de uma falta que eu achava que era sobre o López e o bandeirinha deve ter confundido alguma coisa que eu deva ter dito e chamou o árbitro. O árbitro estava do outro lado, eu nem falei para o árbitro, foi o fiscal que interpretou alguma coisa que eu disse, não sei o quê. Estou muito curioso para saber o que ele vai escrever, mesmo curioso, porque eu não ofendi. Tudo o que puser de ofensa é mentira, eu não ofendi e estou curioso para saber. Foi o bandeirinha que ouviu, não foi o árbitro. O árbitro estava longe e não percebi. Se me pergunta, se protestei, sim. Talvez estas novas regras da tolerância zero, pronto, se calhar é isso», começou por dizer, em conferência de imprensa, tocando no assunto mais tarde, quando questionado pelo que considerou ser uma arbitragem «confusa».

«Acho que foi realmente uma arbitragem confusa, inclusive comigo. Eu estava ali e falei com os jogadores. O que me deixa triste é que eu vou chegar a casa e vou ter a minha esposa outra vez. Amanhã nem queria ter folga, vai ser um dia duro para mim, ela vai-me moer a cabeça: “como é que é possível, foste expulso outra vez, tens aqui duas filhas, isso não é exemplo para ninguém, isso está a prejudicar a tua carreira, contigo é tolerância zero”. Mas eu não ofendi. Reclamei? Sim, mas não ofendi. Estou curioso para saber o que escreveu», prosseguiu, dizendo mesmo que tudo isto lhe tira a vontade de ser treinador.

«Ele [ndr: auxiliar] fala comigo em espanhol. Eu não sou espanhol, sou português. Ele fala comigo em espanhol. O bandeirinha fala comigo espanhol. Eu sou português, de Portugal. É a mesma língua. Honestamente, e não sou santinho nenhum, foi uma tremenda confusão do bandeirinha. Não consigo perceber como é que ele fala comigo em espanhol. Mas o pior disso tudo não é isso, é eu chegar a casa, enfrentar as minhas filhas e a minha mulher a dizerem “outra vez”, quando eu tenho feito um esforço tremendo para melhorar nisso. Tremendo. Sei que é um aspeto que tenho de melhorar e felizmente os meus jogadores olham para o que eu digo. Estou muito triste por ter sido expulso, não entendi, isto tira-me a vontade de ser treinador, de estar aqui. É tolerância zero e gostava de saber o que disse e o que o bandeirinha vai escrever no relatório», concluiu.