A primeira parte desta conversa com Ivo Pinto terminou com o jogador português a lembrar que «a carreira de um jogador não é só sucessos». O defesa do Dínamo de Zagreb está a cumprir a segunda época no campeão da Croácia e sabe bem o que é ganhar nas competições internas, mas acabar com resultados em nada parecidos nas provas europeias. O jogador português sonha mais alto, mas não acredita que esse voo passe por Portugal...

Com a preparação da época realizada, com «as contratações que foram feitas», Ivo Pinto admite que «tudo indicava» que o Dínamo «podia fazer mais nas competições europeias». Primeiro foi a eliminação em Zagreb pelo Aalborg na última eliminatória de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões. Depois (recentemente), aconteceu a eliminação da Liga Europa logo nos grupos.

«Sermos eliminados foi um choque muito grande», confessa o defesa direito português. Ivo Pinto concede ao maisfutebol que a diferença de competitividade que existe entre a liga croata e as competições europeias dá explicações para resultados tao diferentes. Na Croácia, o Dínamo está a caminho do décimo título consecutivo de campeão – tem sete pontos de vantagem sobre o segundo classificado já dobrada metade da prova e ainda não perdeu um jogo no campeonato (só já o Bayern Munique consegue o mesmo).

«Sem competição interna não temos muita competitividade. No nosso estádio ganhamos os jogos todos. Até o Rijeka [o 2º classificado] perdeu 3-0», refere Ivo Pinto em contraponto com as prestações na Europa: «Quando apanhamos uma equipa europeia que nos causa mais dificuldades...» «A maior justificação é a falta de competitividade a nível interno», concede.

Estatuto ganho no Dínamo

Como o Dínamo domina na Croácia, Ivo Pinto também pegou de estaca na equipa de Zoran Mamic. O jogador português de 24 anos afirma q1ue «é bom ser uma aposta do clube, não defraudar as expectativas» e recorda que tudo começou desde logo bem: «No primeiro jogo, no ano passado, fiz a primeira assistência.»

«A minha maior arma é o poder participar na parte ofensiva do jogo. Em época e meia tenho 20 ou 21 assistências que deram golo», diz o lateral acrescentando que tem «feito um esforço para melhorar na parte defensiva». «Afinal, sou um defesa direito. Eu tento evoluir», garante o jogador de 24 anos, que só descansou (literalmente) em dois jogos do campeonato – de resto, esteve em 27 jogos, nos 90 minutos de praticamente todos.

O estatuto de Ivo Pinto já lhe permite «ajudar» os jogadores estrangeiros na equipa. São vários os do Dínamo e, além de si, portugueses são quatro: Eduardo, Gonçalo Santos, Paulo Machado e Wilson Eduardo. «Sou o porta-voz, tento ser o primeiro a falar, sou o mais antigo e tentou ajudar», conta.

Olhos num campeonato melhor e em mais seleção

Em Portugal para passar as férias do Natal e aproveitando a paragem da liga croata, Ivo Pinto não se furta a discutir um eventual regresso a Portugal quando o seu estatuto já não é o mesmo que levou quando, em 2012-13, foi para o Cluj. Mas não é algo em que acredite, pelo menos por agora, como próximo patamar na sua carreira.

«Eu olho sempre para o futuro com olhos grandes. Acredito em mim, no trabalho... Mal seria de mim se não pensasse assim», diz o defesa de 24 anos que já pensa num «campeonato melhor» e em «solidificar a presença na seleção».

«Sei da existência de vários interesses, mas não tenho conhecimento de nada em concreto. Era bom subir mais um nível», assume o português com os olhos do futuro direcionados para as ligas mais poderosas da Europa: «Gosto muito de Inglaterra e da Alemanha. São campeonatos bonitos, com os estádios sempre cheios.»

Quanto a um regresso a Portugal «é difícil de responder... «Nada é impossível, mas é difícil.» «Se houver possibilidade de voltar a Portugal para um clube que ganhe… mas parece difícil regressar a Portugal», confessa Ivo Pinto.