O menino da freguesia de Palmeira, Braga, fez-se homem e profissional de futebol. Foi, aliás, o que José Sá sempre quis. Deu os primeiros passos no pequeno Palmeiras, cujo campo ficava mesmo ao lado de casa, e aos 16 anos mudou-se para o Merelinense.

Foi aí, de resto, que Sá chamou a atenção aos responsáveis do Benfica. Por esses dias, já colocara de lado a ambição de ser lateral direito e aceitou calçar as luvas, por culpa de José Barroso, um vizinho de baixo. 

Na primeira entrevista após a saída do FC Porto, José Sá aceita voltar ao início de tudo e falar sobre todos os passos de um percurso cujo clímax foi o título nacional no Dragão, há poucos meses. 

Ao Maisfutebol, Sá revela quem foi o ídolo de infância e confessa que nunca imaginou ter um dia Iker Casillas como seu suplente. 


Artigos relacionados:

Parte I: «Não é igual ter Casillas ou outro no banco»

Parte II: «Sair do FC Porto foi o melhor para mim»

José Sá em junho de 2013, ainda sem a famosa barba ruiva

Maisfutebol – É verdade que o José Sá começou por ser lateral direito?
José Sá –
Sim, confirmo (risos). No Palmeiras. Depois, nos infantis, é que o meu treinador me meteu à baliza num treino. O José Barroso, que até era o meu vizinho de baixo, viu que eu tinha jeito e perguntou-me. Nos primeiros dias ainda fiquei com azia, porque não queria ir. Mas fui aceitando e ainda bem, foi isto que deu rumo à minha vida.

MF – Como lateral direito não chegaria a profissional?
JS –
Acho que seria mais difícil (risos).

MF – Nos juvenis chegou a pensar desistir do futebol, como nos disse um seu ex-treinador?
JS –
Desistir, não. Mas tive uma má fase, é verdade. Queria sair do Palmeiras para o Merelinense e não consegui. Estive até dezembro sem jogar, porque o Palmeiras não me dava a carta. O meu treinador da altura, José Carlos Antunes, convenceu-me a ir para o Merelinense e eu queria ir para lá também. Aliás, é de lá que dou o salto para o Benfica, aos 17 anos.

MF – Como geriu essa mudança sendo ainda tão jovem?
JS –
Bem, acho que a partir daí comecei a pensar que podia ser profissional de futebol. Muitos jovens sonham com isso, como eu sonhava, mas não é fácil consegui-lo.

MF – E se não tivesse sido futebolista?
JS –
Ainda hoje digo que não saberia o que fazer da vida (risos). Claro que teria de arranjar uma alternativa, mas nunca defini nada. A não ser, lá está, ser futebolista.

MF – O José Sá era um menino e jovem com ídolos no futebol?
JS –
Sim, o Gigi Buffon era o meu ídolo. Outra lenda do futebol, como o Iker Casillas.

MF – E o José Sá do Merelinense alguma vez sonhou sentar no banco de suplentes uma dessas lendas?
JS –
Nem no Merelinense, nem no Benfica, nem no Marítimo (risos).

MF – E como sai do Benfica para o Marítimo?
JS –
Mandaram-me embora. No primeiro ano de júnior era suplente do Ederson e o que estava estipulado é que eu seria titular no ano seguinte. Treinava de manhã e de tarde, sempre para evoluir. O Ederson saiu mas, entretanto, subiram o Bruno Varela e o José Costa, que já tinham contratos profissionais. E disseram-me que seriam eles a aposta. Falaram comigo e disseram-me que seria melhor eu procurar outra solução para mim.

MF – Já se percebia que o Ederson era um guarda-redes de nível superior?
JS –
Já se percebia, sem dúvida. Era um miúdo fantástico e trabalhava bem.