[nota: a entrevista a Ricardo Pereira foi efetuada antes do anúncio da chamada à Seleção Nacional]

Vida nova no sul de França. Ricardo Pereira deixou o FC Porto - dois anos de empréstimo - e já é um nome importante nas escolhas de Claude Puel. Cinco presenças no onze inicial do Nice, duas chamadas à equipa da semana do mais prestigiado jornal desportivo francês, confiança recuperada.

Em entrevista ao Maisfutebol, a primeira desde a saída do Estádio do Dragão, o vice-campeão da Europa de Sub21 fala sobre os primeiros tempos na suave Côte d'Azur, a polivalência reconhecida (está a jogar a lateral esquerdo), os colegas Seri e Wallyson, e os jantares com os amigos do Mónaco.
 

Cinco jogos como titular, duas presenças na equipa da semana do L’Équipe. Está a superar as suas próprias expetativas?
«As coisas estão a correr-me muito bem. Foi para isso que vim para o Nice: jogar muitas vezes e melhorar. Estou a gostar bastante deste início. Acredito que a escolha para a equipa da semana me deu maior visibilidade. Não é o mais importante, mas é sempre bom (risos)».

Nos últimos jogos tem sido lateral esquerdo. Surpreendido?
«Fiz alguns jogos no FC Porto nesse lugar. Lembro-me de ter jogado em Nápoles e contra o Olhanense, pelo menos. Quando o cheguei ao Nice o lateral esquerdo titular estava lesionado e quem estava a jogar era o Jonathan Correia, um rapaz de origem portuguesa. Entretanto o treinador optou por mim para esse lugar».

Nesta altura da carreira a polivalência é uma vantagem ou desvantagem?
«Eu penso que é uma vantagem. Nesta altura estou a jogar numa posição que não é a minha, por exemplo, porque sou capaz de o fazer. Acho que é uma situação pontual, mas vamos ver».

Estava com saudades de jogar todas as semanas?
«Muitas mesmo! Precisava disto, precisava de me sentir importante, de me sentir jogador. Faz toda a diferença treinar diariamente e sentir que temos possibilidade de jogar no fim de semana. Aprendi e cresci nos dois anos que tive no FC Porto, mas foi o suficiente. Tinha de jogar mais vezes para não estagnar. Aqui sinto-me importante».   

No Europeu Sub21 jogou na frente, como avançado móvel. É o seu lugar favorito?

«Sim, é onde me sinto melhor e onde tenho mais rotinas. Nesse lugar sinto-me em casa, apesar de a posição de lateral direito também já me ser muito familiar».

Viver na Côte d’Azur é um privilégio?
«Nice é uma cidade muito bonita, o mar é fantástico e adoro a avenida [Promenade des Anglais] marítima. O clima é ótimo, parecido com o português».

Está muito perto dos portugueses do Mónaco (20 kms). Costumam estar juntos?
«Por acaso já jantámos no Mónaco, num restaurante português. Serviu para matar saudades do nosso país. É ótimo ter gente conhecida aqui. Não joguei contra eles porque o dérbi foi logo no início e eu ainda estava no FC Porto».

No Nice tem o Seri (ex-Paços) e o Wallyson (ex-Sporting) como colegas. Como têm evoluído?
«Estão a adaptar-se bem. O Seri é sempre titular e o Wallyson já fez os últimos dois jogos. São bons jogadores, importantes e temo-nos ajudado mutuamente, apesar de ser muito fácil a adaptação a um clube e a uma cidade como Nice. As pessoas são muito acolhedoras. Eu vivo com a minha namorada, por isso nem a alimentação é um problema».