Muito se falou neste defeso. Os benfiquistas chamaram-no traidor. Fizeram cara feia quando souberam da notícia. Mas há excepções que torneiam a regra. Bruno Basto é sócio do clube da Luz, fala do seu clube com amor e compreende o que passou pela cabeça de Jankauskas, quando bateu com a porta encarnada e se assumiu como reforço do F.C. Porto. Ele próprio, agora ao serviço do Bordéus, admite poder representar outro clube em Portugal sem ser a formação que o fez nascer para o futebol. Mas a sua prioridade será sempre vermelha...

- Você é um benfiquista de gema e até já disse ser sócio do Benfica. Como vê a transferência de Jankauskas para o F.C. Porto?

- Há dois anos não responderia como agora. No nosso país, há coisas que não são normais, mas em outros países da Europa percebe-se que o futebol é assim. Posso gostar muito de uma roupa que está numa montra, mas se não tiver dinheiro para a comprar não a posso roubar para a ter. Quem tem dinheiro para comprar, compra. Espero que depois do Euro-2004 as coisas mudem no nosso país e as pessoas tenham a consciência de que há coisas mais importantes do que o fanatismo entre os clubes. Em França vê-se trocas de jogadores de grandes clubes para grandes clubes. Em Itália também, assim como em Espanha. Em Portugal, quando um jogador sai do Benfica para o F.C. Porto é porque há um empresário ou um ex-dirigente que não gosta desse clube e quer fazer tudo para obter maus resultados. As coisas não podem ser vistas assim. O Benfica teve a possibilidade de ter o Jankauskas e só não ficou com ele ou porque não teve dinheiro ou porque achou que ele não era importante para a equipa.

- Está a lançar um aviso no sentido de ninguém estranhar se um dia, quando regressar ao futebol português, for para outro grande clube sem ser o seu Benfica? Por exemplo, o F.C. Porto...

- As pessoas têm de ter consciência disso. Sou profissional de futebol. Escolhi esta vida. Isto é como uma pessoa que tem uma profissão normal, está na Peugeot e aparece a Fiat ou a Porsche a darem um ordenado melhor. Essa pessoa muda, porque a Peugeot não é a marca da sua vida. Um dia que possa regressar a Portugal, darei sempre prioridade ao Benfica, mas se houver outros clubes interessados nunca irei fechar a porta.