O «Globoesportes» publicou, nesta quinta-feira, um artigo centrado em Pepe. Um trabalho que inclui algumas declarações do internacional português, mas sustentado sobretudo em depoimentos de pessoas próximas do jogador. 

O pai, Anael Ferreira, recorda que Pepe esteve para jogar pelas seleções jovens brasileiras, e até pode ter sido um jogador do Benfica a afastá-lo da «canarinha».

«Ele tinha sido pré-convocado para a seleção sub-20. Eu estava no carro com ele, quando um dirigente da CBF disse que ele tinha sido convocado, para preparar a documentação. O Pepe até pensou que seria alguém a brincar, mas o homem insistiu. "Liguem para a seleção brasileira ou então vou pedir ao departamento amador para ligar-vos, e vamos ligar ao presidente do Marítimo para confirmar a convocatória". Assim foi. Ficamos à espera, naquela expectativa toda, e quando saiu a lista final chamaram outro defesa. Não me lembro se foi o Luisão ou o Alex. Aí houve desinteresse, ficámos chateados. Mas ele seguiu a vida e continuou a trabalhar, a esforçar-se», recorda Anael Ferreira.

Mais tarde, já ao serviço do FC Porto, Pepe voltou a ser observado por responsáveis da CBF.

«Ele esperou mais uma vez a chamada, mas não aconteceu. Foi quando o Felipão assumiu o comando da seleção portuguesa e conversou com o Pepe. Como ele já jogava em Portugal há mais de quatro anos ficou com a dupla nacionalidade. Ele ainda esperou a oportunidade de defender o Brasil, mas não houve interesse e foi convocado para a seleção portuguesa», recorda o pai do jogador, que não tem dúvidas de que este fez falta ao «escrete» no Mundial2014.

«Não garanto que o Brasil tinha vencido, mas tenho a certeza que não teria sido humilhado como foi, ao sofrer sete golos», afirma Anael, referindo-se ao jogo com a Alemanha.

O pai de Pepe recorda ainda uma polémica na Copa São Paulo de futebol júnior, quando o central, então ao serviço do Corinthians Alagoano, agrediu um adversário.

«Estávamos a perder por um a zero e precisávamos do golo para continuar na prova. Quando marcámos, o guarda-redes foi buscar a bola para queimar tempo. O Pepe foi para cima dele, para tirar a bola, e apareceu outro rapaz que o empurrou para dentro da baliza. Ele tinha pavio curto e bateu no resto do rapaz sem muita delicadeza, só que o rapaz estava com aparelho. Imagina a confusão que se criou», lembra.

Anael diz que uma pessoa influente da imprensa brasileira pediu que Pepe, então com 13 ou 14 anos, fosse banido do futebol. «Depois, quando ele chegou ao Real Madrid, tentaram entrevistas com ele e tudo, mas aí lembrámo-nos do que essa pessoa fez. Podia ter acabado com a carreira do rapaz, mas graças a Deus não aconteceu», diz.

A família pensou até num plano B para Pepe, que seria tornar-se taxista, mas este acabou por singrar no futebol europeu.

Anael revela ainda que o filho deixou o Real Madrid porque a proposta de renovação apareceu muito tarde, e o salário oferecido era o mesmo. Houve interesse da China, para receber «três ou quatro vezes mais», e também interesse do Paris Saint-Germain e até do Manchester United de José Mourinho, adianta o progenitor, mas Pepe, que «pensa jogar até aos 36 anos», acabou por reforçar o Besiktas.