Paulo Sousa, antigo internacional português que assumiu recentemente o cargo de selecionador da Polónia, recordou esta quinta-feira dois dos seus treinadores de referência da carreira enquanto jogador, o compatriota Carlos Queiroz, que incutia uma «mentalidade vencedora», e o «entusiasta» inglês Bobby Robson.

O antigo jogador do Benfica, Sporting, Borussia Dortmund e Juventus participou numa conversa virtual denominada «Vale tudo para ganhar?», juntamente com o antigo internacional italiano Gianluca Zambrotta, organizada pela Scholas Occurrentes, em parceria com a Câmara Municipal de Cascais.

Questionado sobre os técnicos que deixaram marca na carreira de jogador, Paulo Sousa destacou o compatriota, que guiou a seleção de sub-20 ao título mundial em Riade, na Arábia Saudita, em 1989, com quem voltaria a cruzar-se no Sporting, em 1993/94, bem como o britânico Bobby Robson, já falecido, que tinha sido sucedido, precisamente, por Carlos Queiroz na equipa de Alvalade.

«Tive muitos [treinadores] que me ensinaram muito, por exemplo, o Carlos Queiroz. Ele ensinava-me a acreditar na minha mentalidade, a criar mentalidades vencedoras. O Bobby Robson era o entusiasmo, a forma como passava as suas ideias e a alegria como se fosse o último dia. Tínhamos de aproveitar o jogo como se fosse o último», recordou Paulo Sousa, reforçando que «foram estes que deixaram mais a sua marca».

O antigo internacional, agora com 50 anos, comparou também as diferenças de outrora na relação entre treinador e jogador, dando o exemplo dos tempos em que envergou a camisola dos alemães do Borussia Dortmund, em 1996/97.

«[No Dortmund] o treinador partilhava com os seus jogadores as decisões, o que era muito raro naquele tempo. Hoje, é normal. O treinador está mais próximo, aceita um diálogo e a troca de ideias. Aí, ensinaram-me a importância de tudo isto», partilhou.

Relativamente à questão central da conversa - «vale tudo para ganhar?» -, que contou com mais de cem participantes, Paulo Sousa enalteceu o papel do pai, como a sua «referência de sempre», e considerou que o «valor mais importante é respeitar primeiro os outros».

«Se acharmos que vale tudo para chegar a uma vitória comum para a sociedade, o amor pelo próximo, o respeito pelo outro, conviver e vencer juntos, saber perder também, então aí eu acho que sim [vale tudo]. Antes de ser respeitado, tenho de respeitar os outros. Temos de começar por nós, isso é o valor mais importante», defendeu.