«O qua aprendemos com a derrota?» Este foi o mote para uma reportagem do jornal Marca, que recorreu aos testemunhos de Cañizares, Djukic, Delfí Geli, Hierro e do português Tiago, que têm em comum o facto de se terem deparado com desaires difíceis de digerir ao longo das respetivas carreiras.

«É a primeira vez que falo disto e faço-o porque acredito que pode ajudar outros jogadores que sofram de algo parecido e que podem acreditar que isto é fácil e que ganha-se mais do que se perde. E não é assim», começou por dizer o ex-internacional português, que lembrou a final da Liga dos Campeões perdida pelo Atlético Madrid para o Real em Lisboa, em 2014.

«O Ramos estava à minha frente. É indiferente que tinha de lhe fazer a marcação: eu tinha de atacar a bola e não o fiz», lembrou Tiago, mencionando a época de sonho do Atlético Madrid, que se sagrou campeão espanhol pela primeira vez em quase 20 anos e não perdeu qualquer jogo da Liga dos Campeões nos 90 minutos.

Mas terá sido esta a pior derrota da carreira de Tiago? «Talvez, embora tenha perdido um Europeu em casa, em Portugal, quando todos esperavam que ganhássemos. Eu estava no banco em 2004, mas foi igualmente duro. Mas sem dúvida que essa Champions era um sonho de criança e sim, foi complicado. (...) Não sei quem estava pior no balneário em Lisboa. Na outra, de Milão [2016 também contra o Real Madrid] o Juanfran precisou muito de nós.»

Nem todos os jogadores lidam da mesma forma com a derrota. Uns saem delas fortalecidos, outros traumatizados. Para Tiago, a ferida aberta pela derrota de Lisboa, no desempate por penáltis, custou a fechar. «Aquilo durou muito. Os dias seguintes são horríveis: não queremos estar com ninguém, e além disso o nosso rival está a celebrar na mesma cidade. Foi difícil não apenas para os jogadores, mas também para os adeptos. Sentimos muito o peso da derrota também por ter sido contra o Real Madrid, porque sabemos que as pessoas sofrem mais», disse Tiago.

O ex-jogador disse que a vitória sobre o Real Madrid na Supertaça no arranque da época seguinte, ajudou-o a seguir em frente. «Ajudou muito, mesmo que não seja o mesmo. Tirou um pouco da dor. (...) Tudo isto vai ajudar-me nos momentos difíceis, de certeza. No desporto profissional perdemos mais do que ganhamos. E conseguirmos fortalecer-nos depois de uma derrota faz a diferença. Creio que isso é o que as pessoas valorizam no Cholo [Diego Simeone] e em todos estes jogadores que estão juntos há tanto tempo: caímos e caímos com estrondo! Duas finais da Champions! Mas nunca deixámos de dar tudo pelo clube e isso vai marcar a minha carreira, também a de treinador, sem dúvida.