O português Luís Castro não está com vida fácil no Botafogo. Nos últimos cinco jogos, o técnico luso conseguiu apenas um triunfo e, na última madrugada, foi afastado da Taça do Brasil, depois da derrota caseira perante o América Mineiro (2-0).

No Olímpico Nilton Santos, ouviram-se cânticos com tom crítico. «Equipa sem vergonha», gritaram os adeptos, que não ficaram sem resposta de Luís Castro.

«Já percebi que a conferência vai ser encaminhada para o meu trabalho dentro do Botafogo. Estou há muitos anos no futebol e habituado a tudo, portanto, nada me perturba. Se os adeptos se manifestam de forma negativa têm razões para isso. Não estamos à espera de ser elogiados quando perdemos. Ainda por cima numa eliminatória em que perdemos os dois jogos. É normal», começou por dizer o técnico em conferência de imprensa.

«Eu sabia para onde vinha, sei qual é a cultura do futebol brasileiro, que não é igual à de outros países. Estou totalmente preparado para esta cultura, que é de vaias quando perdemos e de elogios quando ganhamos. No futebol é assim. Já tenho 25 anos de carreira.»

«Aquilo que mais me surpreende é um país que é pentacampeão do mundo, que tem os melhores jogadores do mundo, que tem milhões de adeptos, como é que não consegue vender bem o seu futebol? Já viram alguma vez Real Madrid, Barcelona, Benfica, Bayern, Borussia... Por que é que os campeões destes países não descem e no Brasil sim? Reflitam e depois respondam. Não estou a dizer que não devemos sair das equipas de vez em quando. Mas uma média de seis meses de cada treinador quer dizer que todos os treinadores são incompetentes? Não há técnicos que fiquem mais de dois anos? Por quê? A diferença está onde?», questionou.

«Eu procuro pacificar o futebol, vou tentar fazer isto sempre e não me vou calar. Estou determinado a seguir esse caminho. Até ao último segundo da minha vida no Brasil. Por mim vou continuar até o limite e cumprir o meu contrato. Pode aumentar a pressão, não quero saber. Sabem quando é que tive pressão? Quando tive de amparar os meus pais com cancro no hospital. Aí tive uma pressão louca. Essa é a pressão da minha vida. Pressão por perder um jogo? Pelo amor de Deus», assinalou.

Luís Castro elogiou ainda o plantel do Fogão e vincou que comanda «um grupo de jogadores muito digno, trabalhador».  «São concentrados, dão o exemplo. Nunca chegam atrasados aos treinos, vão embora muito depois de terminar. Apesar da desvantagem de 0-3 [da primeira mão], entraram em campo muito determinados.»