Para a memória ficará para sempre a camisola azul e branca, o número oito nas costas e o toque de calcanhar a reduzir as esperanças do Bayern Munique na final da Taça dos Campeões Europeus (1987). Mas Madjer foi mais do que um simples dragão de corpo inteiro. Também vestiu outras camisolas. Uma delas - ironia do destino - foi a do Valência, adversário do F.C Porto na Supertaça Europeia. «Tinha outros clubes interessados, como o Inter de Milão e o Bayern Munique, mas optei pelo Valência. Descobri um grande clube e um país diferente», explica o argelino, de 46 anos, ao Maisfutebol.
No F.C. Porto, o ciclo fechava-se. Conquistou a Taça dos Clubes Campeões Europeus, ergueu a Taça Intercontinental, em Tóquio, onde ajudou a derrotar o Peñarol. Em Dezembro de 1987, a coroação suprema com o título de melhor jogador africano do ano: «Queria mudar, queria jogar num clube diferente». Já não tinha motivos para continuar nas Antas. As propostas apareceram, mas a opção foi fácil: «Assinei pelo Valência por uma temporada». Em Janeiro de 1988, chegava a Espanha, onde tinha pela frente um clube longe do prestígio actual.
O Valência lutava para não descer, depois de ter chegado ao escalão principal naquela mesma temporada. Madjer foi contratado com esse propósito, de dar um toque de qualidade num plantel carente de estrelas. «Eu a estrela? Mais ou menos...», responde por entre um sorriso. A figura de proa talvez fosse o treinador Alfredo Di Stefano. Mas os maus resultados acabam por conduzi-lo ao despedimento à 29.ª jornada. Madjer também não teve sorte. «Lesionei-me frente ao Múrcia e fiquei quatro meses sem jogar», recorda. «Estava em boa forma, num dos melhores momentos da minha carreira, mas foi muito difícil superar aquela lesão».
Ao telefone com Pinto da Costa
A época ficou hipotecada. Fez 14 jogos, marcou quatro golos, mas a lesão impediu-o de confirmar todos os créditos. «O Valência era um grande clube, faltava-lhe uma grande equipa. Não tinha a equipa de hoje», afiança. Mas já estavam nomes na forja como Camarasa, Nando e Voro. Em final de contrato, queria sair. «Estava de férias na Argélia, quando falei com o presidente Pinto da Costa. Expliquei-lhe que estava curado da lesão e que queria regressar ao F.C. Porto». Mensagem compreendida. Regressou no Verão de 1988, mantendo-se nas Antas até 1991.
Hoje em dia, Madjer não tem o coração dividido. «O meu coração é do F.C. Porto». Por isso, sabe muito bem por quem vai torcer na Supertaça Europeia. «Pelo F.C. Porto, claro. Infelizmente, será muito difícil ir ao Mónaco. Tenho compromissos com uma televisão do Qatar, onde sou comentador. Agora, temos os Jogos Olímpicos e trabalho é coisa que não falta». A arriscar, não tem dúvidas, aposta na vitória dos azuis e brancos: «Victor Fernandez é um treinador jovem, à imagem do clube. Foi uma boa escolha do presidente». Que o F.C. Porto vença.