No início o Maisfutebol era um site.

Para nós foi sempre um jornal online. Nós somos do tempo em que não havia facebook nem twitter (sim, velhos digitais), os portais eram quase tudo. O resto era páginas de organizações, fóruns e blogues que ainda não eram bem blogues.

Jornalistas, não podíamos permitir que nos confundissem com isso. O Maisfutebol era um jornal.

Em 2000 era um risco fashion deixar um jornal bem na vida para fazer uma coisa online. Risco fashion quer dizer que se falhássemos perderíamos o emprego, como acontece quase sempre que se falha, mas mesmo assim não ficaria mal de todo no currículo. Falharíamos com estilo. Como estava a acontecer com muita gente no mundo.

A biografia de Steve Jobs (precisamente o tipo que mais vezes falhou com estilo) impressionou-me por muitas passagens, partilho esta: os estudos de mercado não servem para grande coisa, normalmente os consumidores não sabem muito sobre produtos que não existem. Não sabem, por exemplo, que precisam deles. Não sabem, já agora, que alguém pode levá-los a precisar daquilo.

O Maisfutebol criou uma categoria nova, o jornal desportivo exclusivamente online, que não guardava as notícias para mais tarde. O Maisfutebol foi o primeiro jornal online credenciad opela UEFA. O Maisfutebol foi o resultado do que um grupo de jornalistas achava que devia ser um jornal digital. Isso mais a paciência de um grupo que acreditava (e acredita) na vida digital.

Desses tempos não retenho grandes memórias. Aliás, não retenho grandes memórias de quase nada. A memória de mim é o que eu sou. Ou seja, isto que eu estou a escrever sou eu. É a minha memória. Não retenho grandes memórias, mas se me disserem que dormíamos de menos eu acredito. Se disserem que tínhamos mais piada do que hoje, aceito. Se disserem que arriscávamos mais, também acredito.

Acredito, mas isso já não posso aceitar.

Por isso, no dia em que o Maisfutebol faz 13 anos, tenho o prazer de o informar, caro leitor, que este ano vamos mudar.

Não posso dizer muito mais. Não será apenas uma mudança gráfica. Não será apenas mais um produto com a marca Maisfutebol. Não será apenas mais uma coisa. Será algo tão marcante como o programa «Maisfutebol», na TVI24. Será um passo arriscado, claro.

Em maio festejámos o melhor mês de sempre.

O melhor mês de sempre, quando acontece, é aquele mês em que mais pessoas viram o nosso trabalho. É um mês bom porque o nosso trabalho é informá-lo. Nós achamos que é mais do que isso, embora isso seja o mais importante, a base de tudo. Nós achamos que o informamos sobre aquilo de que nós gostamos. Sim, também sobre coisas das quais não gostamos, claro, mas fazem parte. Isso é um jornal. Mas também do que nós gostamos.

Essa é a nossa forma de não lhe perguntarmos o que quer. Achamos que quer o nosso olhar sobre o jornalismo, o nosso olhar sobre o futebol, às vezes também o resto do desporto. A nossa independência. A nossa capacidade de não ter medo. E, mais importante do que tudo, a nossa felicidade por decidir livremente o que escrevemos e como escrevemos. É assim há 13 anos.

Voltando atrás, este será o ano em que vamos de novo desafiar-nos. E desafiá-lo. Falaremos disso ao longo de 2013. Afinal, aos 13 anos ainda temos tudo para descobrir. Nunca fomos tão lidos, logo vamos mudar. Está na altura.

Obrigado por estar aí.

(como o leitor mais atento sabe, nós na redação do Maisfutebol gostamos de embirrar uns com os outros. Os trabalhos que publicamos esta quarta-feira são exemplo disso. Embirre também. Tem mais graça)