Os 193 jogos que leva com a camisola do Tondela vestida dão a Cláudio Ramos um conhecimento profundo sobre o clube, que tem habituado os seguidores do futebol a esperar sempre uma reação de quem representa a equipa beirã, mesmo nos momentos em que menos se espera.

Conforme recorda o guarda-redes tondelense, em entrevista ao Maisfutebol, foi no último suspiro que o clube chegou à Liga que por lá se manteve nas duas últimas épocas. Este ano, porém, as coisas parecem ligeiramente diferentes e o cenário da equipa orientada por Pepa parece menos complicado.

Contudo, no balneário da equipa, ninguém pensa em relaxar, a começar por aquele que é o guarda-redes com mais defesas no campeonato.

MF: Esta é a sétima época ao serviço do Tondela. Já sente o clube como a sua casa?

Sim. Já sinto que é a minha casa. São sete anos, quase 200 jogos pelo clube, duas subidas de divisão, mais duas permanências... Já é muita coisa e é normal que eu possa dizer que já me sinto em casa aqui.

MF: No final da época passada teve propostas para sair, mas acabou por renovar. Essa opção justifica-se com essa relação de que fala?

Exactamente. E pelo facto de já estar habituado ao clube e de ter sentido que o projeto para este ano iria ser um pouco diferente, mais tranquilo, como está a ser.

MF: Acha, então, que essa foi a opção certa?

Claro que sim. Nos últimos dois anos houve aquela aflição de ser tudo até à última e este ano as coisas estão diferentes. Ficámos com muitos dos jogadores da época passada e estamos a fazer um bom campeonato. Por isso, acho que foi uma decisão acertada da minha parte.

MF: E depois de tanto suspense nas horas decisivas, a renovação pelo clube também teve o mesmo efeito, com o vídeo a simular a despedida...

[risos] Sim, isso foi uma ideia do nosso diretor de comunicação, o Vítor Ramos, e eu aceite-a logo porque achei que ia ser giro. Aquilo foi uma coisa diferente, ficou muito bem e toda a gente gostou.

MF: No final do último jogo da época passada disse, com um sorriso rasgado, que com o Tondela tinha de ser mesmo assim: sofrer até ao fim.

Sim, eu disse isso porque tinha sido assim nas época anteriores. Subimos de divisão no último segundo, com o golo do André Carvalhas; no ano seguinte conseguimos a permanência no último jogo, contra a Académica; e no ano passado, para não fugir à regra, também tinha de ser no último jogo. Mas acho que este ano vamos fugir a essa regra porque acredito que vamos conseguir o objetivo um bocado mais cedo.

MF: Há confiança de que isso vai acontecer?

Sim. Nós sabemos que ainda faltam sete jogos e que a diferença não é assim tanta para podermos relaxar, mas temos consciência de que temos a possibilidade de tornar as coisas mais fáceis nos próximos jogos.

MF: O caso do Arouca, que no ano passado desceu com 32 pontos, também vai servir de exemplo para ninguém relaxar?

Claro. E temos connosco o Tomané, que viveu essa situação e que nos fala muitas vezes disso. Nós temos a noção de que ainda não é possivel saber quantos pontos serão suficientes. Até ao ano passado, também ninguém tinha descido com 32 pontos, e o Arouca desceu. Por isso, o importante é fazer o máximo de pontos possível.

MF: E o que é que mudou este ano?

Foi o facto de terem ficado sete ou oito jogadores titulares do ano passado. Já nos conhecíamos, havia entrosamento e isso faz toda a diferença.

MF: O que também faz diferença é a equipa ter o guarda-redes com mais defesas feitas no campeonato, até ao momento?

Sim. Nos últimos três ou quatro anos tenho feito excelentes épocas e este ano também tenho estado bem. E isso é importante: saber que posso ajudar a minha equipa e que a tenho ajudado. Mas não sou só eu. Nós somos a terceira ou quarta equipa menos batida fora de casa e isso é sinal do trabalho de toda a equipa, desde os homens da frente até mim, lá atrás. Sabemos que somos fortes defensivamente e que isso é muito importante.

MF: E apesar dessa solidez defensiva de que fala, ser o guarda-redes com mais defesas também é um sinal importante?

Eu acho que sim. O facto de estarmos a fazer uma boa época e mesmo assim eu ser um dos guarda-redes com mais defesas também é bom para mim. E claro que me sinto feliz com isso.