Amanhã, com o Benfica, o Olhanense poderá jogar com dezasseis ou mais jogadores. As contas são de Manuel Cajuda, que voltou aos seus tempos de jogador nos juvenis do clube de Olhão, para explicar os «autocarros» que às vezes se colocam em campo.

«Lamento que o diálogo do futebol português passe por aí. Eu até jogava com dois autocarros. Recordo-me sempre de uma história, quando jogava aqui no Olhanense, na equipa de juvenis, e fomos ganhar a Évora. No final, perguntaram ao treinador como tinha sido, e ele disse que tinha jogado com 16. E nós sem perceber... Então, defendemos com oito e atacámos com sete. Temos de ter a noção prática das coisas. Se conhece bem o Benfica, sabe que o Benfica defende com oito jogadores atrás da linha da bola. Se eu defender com nove atrás da linha da bola, não sou assim tão mau... Se o Benfica defende com oito jogadores, não me podem bater, ao dizer que eu posso pôr o autocarro...», contou.

As afirmações de Jorge Jesus no final do jogo com o Newcastle, assustaram Cajuda. «É uma tarefa muito difícil. Basta recordar as palavras do Jorge Jesus no final do jogo com o Newcastle, quando disse que fez a equipa para esse jogo, a pensar no jogo com o Olhanense. Foi ele que o disse e se é uma preocupação para ele, para mim será uma preocupação maior. Tenho a certeza de que o jogo será difícil pela qualidade do adversário, pelo que está em jogo, e por aquilo que tem sido a nossa vida. Mas é mais um jogo, e vamos tentar trabalhar para fazer o melhor resultado», confia.

Afinal, como pode o Olhanense bater o Benfica? «Primeiro, ter a noção do que vamos encontrar pela frente. Uma das duas equipas mais fortes do campeonato. Forte nas transições ofensivas, no processo de diagonais, na procura da superioridade numérica nos aspetos ofensivos, no posicionamento defensivo e tecnicamente muito superior. Levaríamos muito tempo a falar das coisas boas do Benfica. Quando se nos deparam estes problemas, temos de usar a inteligência para conseguir contrariar a estratégia do adversário, conter essa estratégia, e depois explorar, no sentido de a contornar. Seguramente, poderemos jogar de forma ligeiramente diferente do que jogamos, mas acima de tudo com o objetivo de ultrapassarmos uma missão grande, mas não impossível», reconhece.

O empate, até seria bem acolhido em Olhão. «Por que é que vocês querem dizer aquilo que eu não quero? Eu não vou dizer, porque me habituei a uma coisa: tenho a noção exata do excelente momento de forma do Benfica. Mas nunca ninguém perde um jogo antes de começar. Se bem se recordam, antes do jogo do Dragão, o FC Porto tinha vencido o Gil Vicente por 5-0. E eu disse que esperava não ser triturado. Volto ao mesmo: espero não ser triturado. Sei que o Benfica é mais forte, mas não sei o que vai acontecer. Já tenho experiência suficiente para não tremer por isso, e arcar com a responsabilidade. Temos a noção de que o Benfica está muito forte e vai ser um jogo extremamente difícil. Mas este é um Olhanense-Benfica, não há aqui outro campeonato, porque o Olhanense precisa muito de pontos. Ninguém vai ajudar ninguém, eu tenho de me ajudar a mim próprio, senão estou bem lixado...»