Diego Armando Maradona não é imortal. Vergado pela idade e pelos excessos, despediu-se progressivamente dos relvados, quando o corpo sucumbiu ao cansaço. Mas D10S persiste.

Argentina rima com Maradona, Maradona rima com futebol. A «Celeste» é a namorada perfeita para o cinquentão.

«Trabalhou-se melhor no Mundial de 2010 que no Mundial de 1986, por exemplo. São coisas do futebol. Perdeu-se um jogo e querem-nos matar, mas Maradona persiste», avisa Hector Enrique, seu adjunto na África do Sul.

Três vitórias no fracasso

Maradona regressou ao palco Mundial com sangue, suor e lágrimas. Quando a Associação de Futebol da Argentina revelou o seu nome, todos recordaram duas experiências falhadas nos bancos. Como DT de Deportivo Textil Mandiyu e Racing Avellaneda, entre 1994 e 1995, acumulara apenas 3 vitórias em 23 jogos. Um fracasso.

Suspenso por doping, na ressaca do Campeonato do Mundo nos Estados Unidos, D10S refugiou-se no seu país e decidiu combater o ócio, ou o vício, com uma incursão pelos bancos. Carlos Tren, antigo colega de equipa, deu o nome para compensar a sua falta de credenciais. Tren ficou na miséria, após estes resultados modestos. Maradona não.

Maradona voltaria aos relvados, envergando a camisola do Boca Juniors até 1997. Acusou novamente depois, jogou mais um pouco mas rendeu-se às circunstâncias. Terminava a sua carreira de jogador. Que futuro?

Mergulhado na sua depressão, vergado pelos problemas físicos, D10S quase deixa de o ser. Agarra-se à vida no último momento, em vários momentos, até reencontrar o seu amor. Em 2008, a Argentina chama por ele. A «Celeste» vai parar às suas mãos. Aos soluços, agarrada ao coração, chega à fase final do Mundial de 2010.

«Perdemos um jogo, acontece»

«Agradeço a Deus por ter trabalhado com Diego Maradona, é uma aprendizagem acelerada, e espero que continue na selecção da Argentina, com ou sem mim. Quem esteve com ele, sabe que ele fez um excelente trabalho na África do Sul», frisa o adjunto Hector Enrique.

Enrique, el Negro, o homem que serviu Maradona para o Golo do Século, defende a causa. «Antes do jogo com a Alemanha, todos andavam à sua volta. Agora, todos criticam o seu trabalho. A selecção voltou atrás 10 anos desde que ele saiu. Maradona era muito profissional, trabalhou muito questões técnicas e tácticas, mais que em 86, onde se trabalhou mais o físico. Essa selecção foi campeã, nós perdemos um jogo. Acontece. E claro, faltava Maradona nesta. Maradona e eu (risos)», brinca, em diálogo com o Maisfutebol.

Diego Armando Maradona ama a Argentina, mas provou, em várias ocasiões, ter um carinho especial por Portugal. Já elogiou José Mourinho, um treinador que gostaria de ter «na mesa de cabeceira». Em pleno Mundial, defendeu a selecção lusa após a derrota com a Espanha, apelidando um dos auxiliares de Andrea Bocelli.

Maradona-treinador acompanha Portugal. Aliás, chegou a falar sobre a possibilidade de orientar a nossa selecção, antes da entrada em cena de Paulo Bento. Mas o convite não chegou. «Chegou-me aos ouvidos que havia a possibilidade de ir para Portugal, mas nunca falei com Diego sobre isso, em concreto. Sei que é o nosso tipo de selecção, uma selecção de que Diego gosta. Treinarmos Portugal seria lindo, sempre gostámos muito da qualidade dos jogadores portugueses. Mas para já, queria que ele continuasse na Argentina», remata Hector Enrique, seu adjunto.

Estreia como DT do Deportivo Mandiyu: