Aos 29 anos, Marco Cadete nunca viajou de avião. Esteve perto de o fazer, na época 2002/03, quando representava o Olivais e Moscavide, mas foi aí que despertou para a fobia que o tem acompanhado ao longo dos últimos anos. A formação lisboeta tinha de defrontar o Marítimo B, na Madeira, mas Cadete ficou em terra. A fobia ditou a dissolução do contrato com o Olivais.
Dono do flanco direito do Leixões, Marco Cadete foi uma peça fundamental na subida ao primeiro escalão, apesar de ter falhado a deslocação ao terreno do Santa Clara. O calendário da Liga reserva duas passagens aéreas, para defrontar Marítimo e Nacional, e o lateral arranca a temporada sem concorrência directa. E agora?
«Sinceramente, ainda nem pensei muito nisso. Aliás, tento nem pensar para não ficar nervoso. Mas pode ser que este ano vá lá com comprimidos. Que me dêem compromidos antes do vôo e vamos ver se aguento», atira o jogador, em conversa com o Maisfutebol, sem disfarçar algum incómodo.
Marco Cadete percebe que as exigências profissionais, sobretudo ao mais alto nível, ditam uma abordagem frontal ao problema e tem contado com o apoio de um psicólogo para procurar superar a fobia, a ansiedade incontrolável que o envolve perante a situação. «Quando estava no Olivais e Moscavide e tínhamos de ir jogar ao Marítimo B, percebi mesmo que não conseguia. Aliás, acabei por rescindir contrato por causa disso. Mas percebo que, este ano, será mesmo importante ultrapassar isto», afirma.
«Ainda quero deixar a minha marca no primeiro escalão»
Marco Cadete tem acumulado experiências positivas nos escalões inferiores do nosso futebol, mas só conseguiu chegar ao topo aos 29 anos. Outrora extremo, o jogador vai-se ambientando à posição de lateral direito e espera ainda ter tempo para inscrever o seu nome na históira do escalão principal.
«Realmente, demorei muito tempo a chegar aqui. Jogar na primeira divisão já é um grande objectivo cumprido, mas ainda quero deixar a minha marca no primeiro escalão. Vamos lá ver se ainda vou tempo», deseja.
A campanha na Liga de Honra e a transição da estrutura base da última época transmitem confiança aos jogadores do Leixões, antes do início da luta pela permanência: «Este conhecimento comum entre os jogadores pode ser importante, uma vantagem face a outras equipas. Queremos aproveitar isso mesmo.»
«Também contamos com o apoio dos nossos adeptos. Tenho vivido bem com a pressão deles, com a forma efusiva de apoiar, e penso que será sempre um factor positivo, um ponto a nosso favor, sobretudo nos jogos em casa», conclui Marco Cadete.