A 20ª jornada trouxe surpresas, saídas de treinadores e continua a emoção e indefinição ao longo da tabela classificativa.

No domingo a derrota do FC Porto, em casa, afastou-o do primeiro lugar e colocou-o em terceiro.

O alerta soou forte. Os resultados e a intermitência das exibições não têm dado a tranquilidade e confiança necessárias. Das bancadas a tolerância tem sido pouca e no domingo foi bem evidente o descontentamento.

A 3 de Dezembro tinha escrito sobre Paulo Fonseca. As coisas já não corriam bem e os problemas acentuaram-se. Desde essa altura, o Porto perdeu nove pontos em nove jogos. Tantos como em onze jogos até aquela altura.

Com dez jogos para disputar, o cenário está complicado.

O Porto continua a viver muito de Danilo e Alex Sandro. São por norma os elementos desequilibradores. Dão profundidade ao jogo colectivo e têm apresentado rendimento, mas não chega. Quaresma chegou e tem superado as expectativas. Ainda não está ao nível de outros tempos, mas tem subido de rendimento e com ele cresceu Varela.

Resolvido o problema nas alas, outras indefinições se mantêm. No meio campo apenas Fernando é intocável. A saída de Lucho fez aparecer Carlos Eduardo mas uma lesão atrasa a sua afirmação.

Entre Defour, que aparenta não contar, Herrera e Josué vão completando o restante trio do meio campo.

Na zona central só Mangala se aguenta. Com a saída de Otamendi, o seu companheiro de sector está sempre a mudar.

O jogo de Frankfurt vem aí e sem a passagem avolumam-se os problemas. Guimarães é logo a seguir.

Em Vila do Conde o Sporting foi ao banco buscar a qualidade para decidir a partida.

Grande cruzamento de Jefferson e um excelente cabeceamento de Slimani. Não tem a qualidade técnica e mobilidade de Montero mas tem demonstrado ser uma alternativa válida e a sua importância em certos momentos do jogo. Carlos Mané voltou a marcar. Versátil, usou a velocidade para criar desequilíbrios. O golo revela a capacidade de decisão e confiança que vem demonstrando.

Em Setúbal, José Couceiro trouxe resultados e tranquilidade a um clube que vive problemas diretivos. Mas o futebol vai bem e a goleada ao Paços demonstra isso mesmo. Horta voltou a marcar e Pedro Tiba e João Mário destacam-se. Jovens com qualidade, têm vindo a crescer e a afirmarem-se.

Em relação a João Mário, emprestado pelo Sporting, a competitividade da Liga obriga-o a crescer. Se continuar assim, para o ano estará a lutar pela titularidade em Alvalade.

Em Olhão a esperança renasce. Mais uma vitória que dá para respirar. Demonstra que a equipa não se entrega.

O Gil Vicente vive em dificuldades. Apenas três pontos acima da linha da despromoção. Não sabe o que é ganhar desde 3 de Novembro e até ao momento só fez dois pontos. A reacção tarda em aparecer e o que aí vem não será fácil. A recepção ao Vitória de Setúbal e a viagem a Paços obriga a bons resultados, determinantes para o objectivo.

O Belenenses também está com problemas. Com os mesmos pontos do que Olhanense, tem de mudar para não ficar em posição complicada.

Em Braga tivemos mais uma saída. Jesualdo, com um projecto para três anos, saiu ao fim de oito meses. O presidente António Salvador leva dez anos à frente do clube e tudo começou com Jesualdo em 2003. Esse era o tempo em que o Braga procurava a afirmação, criava as bases para crescer de uma forma sustentável.

Com Jesualdo à frente da equipa durante três anos, isso verificou-se. Um quinto lugar no primeiro ano e dois quartos lugares nas épocas seguintes.

Ao longo da sua presidência, Jesualdo foi o que ficou mais tempo. De 2006 para cá, com ou sem sucesso, os treinadores ficavam pouco tempo e apenas Domingos fez duas épocas completas, com o sucesso que todos sabemos.

A saída de treinadores tem sido normal. António Salvador quer sempre mais e a decisão neste início de época foi diferente dos últimos anos. Não havia dúvidas. Jesualdo Ferreira era o treinador escolhido e selado com um contrato de 3 anos. Aparentemente a estabilidade voltava a Braga e Jesualdo tinha pela frente um trabalho de renovação.

Mais uma vez, os resultados vieram estragar provavelmente aquilo que foi definido entre ambos: reconstruir e preparar a equipa para os próximos anos.

Se era para isso, e não se prepararam convenientemente os objectivos e a sua comunicação, um ano apenas chegava e logo se via se havia espaço para mais.

O acordo de rescisão é referido como amigável e é sempre melhor assim, mas de quem foi a iniciativa? Veremos o próximo destino de Jesualdo.

Outra saída, desta vez a segunda, aconteceu em Paços.

Após 12 jogos e com intervenção no mercado de inverno, com entradas e saídas, Calisto sai.

O último lugar mantém-se e com dez jogos por disputar a direcção procura inverter a tendência.

Não sei se certo ou errado, só os resultados no final vão dizer mas as decisões não têm sido as melhores. Atingir o brilhantismo na época passada e jogar na Europa este ano pelos vistos fez mal.

Na Luz, o Benfica cumpriu e a velocidade de Markovic impressiona. Criou desequilíbrios e fez um bom golo.

Por último as figuras da jornada.

O Estoril fez história, tal como Marco Silva, o seu treinador. Ganhou pela primeira vez ao FC Porto em sua casa. Evandro foi o marcador do golo. Classe e frieza no lance do penalty.

Em relação a Marco Silva, os elogios são poucos para o que tem feito neste trajecto desde a II Liga até aos jogos europeus, ao comando do Estoril. A organização e a forma como a equipa sabe o que faz são características que o Marco deu à equipa. Mantém a identidade apesar das saídas, da reconstrução do plantel e mesmo agora, sem aqueles que eram os seus avançados (Luís Leal e Seba) titulares, chegou ao Dragão e venceu.

Independentemente do que possa acontecer até final, parece-me que o Marco precisa de um desafio com maior exigência. Veremos qual.