Discussões familiares, incidentes envolvendo carros e álcool e até armas de fogo são notícia com a frequência com que acontecem. Ficar sem habilitação para conduzir é também uma consequência comum em muitas destas situações. Mas um bicampeão olímpico de tiro ficar sem a licença de porte de arma é uma notícia que não acontece todos os dias.

Mas foi o que aconteceu a Michael Diamond segundo relataram durante a semana os media australianos a respeito de um dos seus desportistas de nível internacional. A história ainda está a meio. O desenlace – ou pelo menos o(s) episódio(s) seguinte(s) – está aprazado para daqui a um par de semanas. Por enquanto, o atirador australiano está com uma audiência em tribunal agendada e os Jogos Olímpicos Rio 2016 em risco.

Diamond ganhou as medalhas de ouro em Atlanta 1996 e Sidney 2000 na disciplina de fosso olímpico. As Olimpíadas do Brasil seriam (ou serão) as sétimas de uma carreira longa (começou em Barcelona 1992) e premiada. Michael Diamond era falado, inclusivamente, para ser o porta-estandarte da Austrália no Rio de Janeiro.

Por agora ficou tudo em suspenso, assim como a sua licença para fazer o que sabe fazer melhor. Mas se álcool e condução são incompatíveis, álcool e armas também são. E o caso envolvendo Michael Diamond incluiu todos os fatores. As autoridades australianas não identificaram o homem que terá tido um desentendimento com um familiar, em Nelson Bay, mas foram informando que fizeram uma detenção depois de ele se recusar a fazer o teste do balão. E que encontraram no carro uma caçadeira e cerca de 150 cartuchos.

O «The Sydney Morning Herald» noticiou que Diamond acusou 0.159 num teste do balão feito já na esquadra e que foi emitida uma suspensão quer da habilitação para conduzir quer da licença de porte de arma. A investigação sobre violência doméstica está em curso, mas as acusações de condução e posse de uma arma sob o efeito de álcool já têm audiência marcada em tribunal para o dia 7 de junho.

Michael Diamond não é um atleta qualquer no panorama australiano. Não só pelas duas medalhas de ouro que ganhou para o seu país ou pelas cinco também de ouro nos Jogos da Commonwealth. Também porque sua relação com o álcool não será de agora segundo relatam os seus companheiros de ofício.

«Era apenas uma questão de tempo até uma coisa deste género acontecer», afirmou Russell Mark à «News Corp.» numa citação da «ABC» australiana: «Esqueçam as medalhas olímpicas. Ele é um dos maiores atiradores que alguma vez vi, mas ele precisa de ajuda. Todos na equipa falam do que ele bebe.»

Russell foi como Diamond medalha de ouro no tiro em Atlanta 1996 e não fala apenas de uma situação a enfrentar. Fala também de uma solução para o que vê passar-se: «A Shooting Australia [a federação de tiro] precisa de suspendê-lo ou de ajudá-lo, mas eles não podem ignorá-lo.»

Sendo o caso que é com quem é a federação também não demorou a pronunciar-se mesmo que num comunicado em que «confirma estar a trabalhar de perto com o Michael para apoiá-lo e garantir que o seu bem estar é assegurado».

No texto citado pelo TSMH a Shooting Australia partilha entretanto a responsabilidade com outas entidades. O Comité Olímpico Australiano pronunciou-se pela sua chefe de missão ainda sem querer «especular» sobre «culpa» ou inocência». Mas Kitty Chiller não deixou de equacionar cenários de exclusão dos Jogos: «Se uma condenação for responsável por ter trazido um descrédito para o atleta ou para a modalidade, então sim.»