O Maisfutebol desafiou os treinadores portugueses que trabalham no estrangeiro, em vários pontos do planeta, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:
MÁRIO LEMOS, MTG UTD (Tailândia)
«Caros leitores,
Dá-me imenso prazer ver o sucesso que muitos treinadores portugueses têm tido. É incrível a quantidade de treinadores portugueses espalhados pelo mundo, o que prova a enorme qualidade dos treinadores portugueses.
Infelizmente, devido a um impasse entre o IDP e a FPF, nos últimos anos não tem havido cursos de treinadores (Nível I,II e III). Tenho tido a oportunidade de falar com muitos colegas que se encontram na mesma situação que eu.
Querem-se formar para melhorar como profissionais, assumir projetos de patamar superior, e não temos oportunidades para tal. Mesmo estando empregado no estrangeiro torna-se impossível competir em pé de igualdade com treinadores de outros países com mais qualificações do que nós.
Esta situação é dececionante para quem quer fazer diferença no mundo futebol. Aqui vai a opinião de alguns colegas de profissão:
Ricardo Freitas (Imortal DC)
«Isto impede o meu progresso como treinador. Mas pior do que isso é a entidade que devia zelar pelo futebol português, a FPF, não dar uma resposta sobre quando a situação pode ser resolvida.
Sinto que o meu próprio futuro está incerto e não consigo planear etapas de progressão para atingir o nível que quero. Por guerras internas, os treinadores portugueses estão privados da melhor educação e possibilidade de progresso».
Pedro Neto (Charlton Athletic FC)
«A não existência de cursos de treinador de futebol em Portugal nos últimos anos é algo que castra os técnicos logo no início das carreiras. Numa área tão competitiva, onde estar atualizado é uma necessidade, não poder frequentar cursos de treinador impede os treinadores de evoluírem e ingressarem em projetos mais desafiantes. É insustentável passarmos tantos anos sem formação interna».
Nuno Carvalho (Amarante FC)
Sinto-me um pouco frustrado, pois a não existência de cursos impossibilita a nossa de classe de progredir e de ter novos conhecimentos. É uma situação triste, pois há tantos treinadores portugueses no estrangeiro a terem sucesso e cá dentro é-nos impedida a formação. Isto, muitas vezes, impossibilita-nos de imigrar ou assumir um projeto num patamar superior, por falta de habilitações».
Mário Leão (S.C Portimonense)
«Relativamente aos cursos de treinador de futebol UEFA, é lamentável que os mesmos não estejam a funcionar. Em qualquer um dos níveis existem largas centenas de pessoas interessadas em melhorar a sua formação como ferramenta para treinar, para atingir outros patamares.
Eu neste momento não estou condicionado em termos de trabalho, mas gostava de fazer o próximo curso tanto como ferramenta de trabalho, como por prazer académico. Já para não falar que a reciclagem de conhecimentos é fundamental para nos mantermos atualizados. A inexistência de cursos limita o acesso de gente interessada, de gente nova e com ideias novas, mas acaba também por estagnar o nível de treino atual, sobretudo nos escalões e divisões mais baixas. É urgente fazer algo!»
João Ferreira (SC Espinho )
«Esta situação é frustrante, na medida em que somos impedidos de ter acesso a mais formação qualificada. Há a agravante, de que, sem qualificações mais avançadas, não podemos também concorrer em pé de igualdade com outros treinadores, porque não temos certificação para poder treinar em campeonatos nacionais superiores e até no estrangeiro. É uma necessidade urgente que esta situação possa ser resolvida».
Made In
15 abr 2013, 15:56
Mário Lemos: da Tailândia, um grito de alerta para o IDP e a FPF
Crónicas Made In Portugal
PJC
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