O treinador do Marítimo, Daniel Ramos, não esquece a importância do suporte familiar e sublinhou o trabalho enquanto fator principal para o sucesso desportivo dos «verde rubros».

Ao suceder a Paulo César Gusmão na temporada transata, com o conjunto maritimista a atravessar um período delicado, o técnico português conseguiu inverter uma série de resultados desfavoráveis e carimbar, inclusivamente, o acesso às competições europeias.

«Basta voltarmos ao mês de setembro da época passada e perceber como estava o Marítimo na altura. Era a minha primeira oportunidade na I Liga e pensei em fazer um bom trabalho, tirar o Marítimo do fundo, levá-lo para o meio e fazer uma época positiva. Temos vindo a somar bastante, a dar alegrias, a formar jogadores e a perder jogadores, mas sentimo-nos bem com isso, porque se saem valorizados, demos o contributo e ajudámos e o clube também tem um retorno financeiro», referiu, em entrevista concedida à Lusa.

Nas partidas caseiras, o Marítimo desconhece o sabor da derrota há 23 jogos.

«Eu sou dos que acredita que mais de 90% do sucesso vem do trabalho. É trabalhar bem, com rigor, com exigência, com dedicação, com planeamento, compromisso, com a liderança conquistada perante um grupo, o que se reflete em momentos de maior dificuldade, em que acabámos sempre por dar uma boa resposta, o que é sinal que a equipa está unida e o que faz com que o Marítimo seja uma equipa difícil de bater», realçou.

Apesar de ser recorrentemente associado a outros emblemas europeus, tal como os franceses do Lille, o treinador de 46 anos encontra-se inteiramente focado no clube madeirense.

«É com orgulho que represento este grande clube. Quero mais para a minha carreira, mas sinto-me contente, sinto-me grato a quem apostou em mim, nomeadamente ao presidente e ao Briguel [diretor desportivo]. Estou totalmente concentrado no Marítimo. Ainda tenho contrato para esta época e mais outra. Se alguma vez se proporcionar uma saída, tem de ser por uma razão muito boa e muito forte, porque sinto-me bem. Gosto da ilha, gosto das pessoas, gosto do carinho dado à equipa», indicou.

José Mourinho, Fernando Santos, Paulo Fonseca e Leonardo Jardim são alguns dos exemplos a seguir e destacou o facto de a China ter, ultimamente, atraído três treinadores portugueses [Paulo Bento, Paulo Sousa e Vítor Pereira].

«É sinal de que estamos a elevar a nossa marca de treinador e estamos a proporcionar a que outros possam fazer a seguir, o que era pouco visível há alguns anos. Há muitos olhos nos treinadores portugueses», reconheceu.

Apreciador dos principais campeonatos europeus, define a Premier League como a «liga de eleição» e não esconde a ambição de competir em território inglês.

«São ligas muito atrativas e são um desejo de muitos treinadores e eu não escapo a isso. Espero um dia estar presente e dar conta do recado.»

Daniel Ramos celebra o aniversário no dia de natal e aguarda ansiosamente pelo momento em que irá reencontrar a mulher e os filhos.

«Fui recentemente ao aniversário dos meus filhos, numa fugida rápida. Só a 22 vou a casa e vão ser aqueles quatro dias merecidos. Fica um pouco difícil, mas, com boa vontade, umas viagens extra, algum dinheiro despendido e uma alegria em carregar baterias, porque a família é muito importante no equilíbrio emocional e semanal para que, jogo após jogo, haja um bem-estar emocional e essa carga positiva se transmita ao nível do treino e do jogo», afirmou.

O pai, falecido este ano, assumiu e continua a assumir um papel determinante na vida do técnico.

«Perdi recentemente o meu pai, uma pessoa do futebol. Eu digo sempre que tenho uma estrela a olhar por mim, porque é uma figura que está sempre presente comigo, está nas alegrias e nos festejos. Os meus pais deram-me educação, deram-me valores e oportunidades, a possibilidade de ter formação no arranque da minha vida e alguns meios que me ajudaram na minha carreira. Torceram muito por isso», recordou.