Quem conquista Roland Garros ganha automaticamente um lugar junto dos deuses do ténis e até pode não fazer mais nada de relevante na carreira que esse título será recordado para sempre. Assim aconteceu com algumas figuras, como Michael Chang, que venceu em Paris em 1989, mas também com Mary Pierce, que terá ido um pouco mais além, pois conquistou não só Roland Garros (2000) mas também o Open da Austrália, em 1995. Viria a conquistar mais dois do circuito principal em pares.

Pierce, nascida no Canadá, mas que competiu pela França (e também tem nacionalidade americana), venceu 18 títulos WTA em singulares e 10 em duplas, tendo vivido os últimos grandes momentos da carreira em 2005, quando atingiu as finais de Roland Garros e do Open dos Estados Unidos (foi derrotada em ambas). Chegou a ser número 3 mundial, mas uma grave lesão no joelho esquerdo em 2006 levou-a à mesa de operações e o fim da carreira chegou rapidamente (apesar de nunca o ter anunciado oficialmente).


Agora, aos 38 anos, a simpática Mary Pierce virou todas as suas atenções para outro tipo de palcos. Duas vezes divorciada, a francesa foi viver para as ilhas Maurícias, onde divide a sua vida entre o ensino do ténis e a participação ativa numa comunidade religiosa que a acolhe como família. 

«Decidi deixar Deus entrar no meu coração», diz a ex-atleta à revista «L’Equipe Magazine», que enviou uma equipa de reportagem ao Índico para tentar perceber o que se passa com a campeã de Roland Garros em 2000. Mary vive em comunidade juntamente com a família do patriarcado da igreja cristã pentecostal.

Na reportagem «A segunda vida de Mary» é possível ver a ex-tenista a cantar «o amor de Jesus» na igreja, para além de ensinar Amaury, filho de 14 anos do pastor, num retrato de fé evangélica, a roçar o fanático. Um ser bem distante da eficácia com que explanava o seu ténis no final da década de 90 do século passado e nos primeiros anos do século XXI.