«O meu pub em Hammersmith». A esta zona da cosmopolita Londres chega gente de todo o mundo. Enquanto se bebe uma pint, fala-se de desporto: futebol, basquetebol, ténis, Fórmula 1, o que for. Depende de quem passa pela porta. O consumo é obrigatório e as bebidas nunca são por conta da casa. Aqui também se pode falar da NFL, mas se alguma vez se proferir a palavra «soccer», Woody, o cozinheiro, tem cara de Vinnie Jones e andou na escola do Cantona. Ah, e é primo do Roy Keane.

«Mas eles são cegos em Manchester?»

A frase de Buffon desce pelas conversas dos adeptos como uma cerveja fresca em dia de verão. O guarda-redes italiano meteu o dedo na ferida do United por causa de Pogba.

A saída do francês foi o episódio que ninguém percebeu em Old Trafford.

«Talvez Ferguson, embora não o tenha evitado», diz um amigo ao balcão, que recorda a fúria do escocês naquela altura.

«Pogba é um médios mais promissores do futebol europeu. Se não for uma certeza já. É fácil de chegar a essa conclusão depois de o ver na Juventus», atira um outro inglês, adepto do United.

«Quando se olha para o meio-campo do ManUtd a conclusão é demasiado óbvia: Pogba seria um titular de caras. E por muitos anos», continuou.

«Se ninguém percebeu a dimensão da saída do francês, talvez alguém devia ter pensado que se precisas de tirar um tipo da reforma para ele vir jogar é porque tens um grande problema para resolver!», contrapus, logo eu que não queria voltar a falar do United tão cedo, pelo menos enquanto tiver na cabeça a tabela da Premier League.

A 31 de maio de 2011, Scholes despediu-se dos relvados. Meio ano depois, voltou. Foi campeão de Inglaterra outra vez e foi embora. Para a reforma de novo. Sir Alex também.

Moyes ficou com o problema para resolver.

Como não estava dentro do United, como David Gill também tinha saído, só se lembrou de ir a correr comprar Fellaini, no verão. 

Não está a dar resultado, como se sabe.

No mercado de janeiro podem resolver-se questões imediata, como o FC Porto fez com Quaresma, ou antecipar-se a chamada «adaptação».

Comprar para alguém ser titular no próximo ano.

No United, nem uma coisa nem outra, até ver.

E entretanto, Matic sai do Benfica para o Chelsea. 

Fazia todo o sentido em Old Trafford. Pelas características do sérvio e das equipas, mais até que em Stamford Bridge.

«Mas eles são cegos em Manchester?»

Não, apenas continuam a não querer ver os descontos.

O meu pub em Hammersmith» é um espaço fictício e de opinião do jornalista Luís Pedro Ferreira. Pode segui-lo no Twitter