Será até agora o maior jogo deste Euro 2016. Às oito da noite desta quinta-feira Alemanha e França entram em campo para jogar a segunda meia-final da prova num confronto que se prevê imenso na competitividade pela qualidade das duas seleções em questão. Mas não só.

E não se está a falar só de ter de um lado os germânicos, campeões do mundo em título, e do outro os anfitriões. É que a história deste confronto ganhou o seu episódio mais inesquecível em 1982, num drama vivido em Sevilha, no Mundial de Espanha, e quase nada mudou desde então, mesmo que se remeta o que aconteceu há 34 anos (a serem feitos precisamente na próxima sexta-feira) para a o campo da História.

O empate a um golo no tempo regulamentar, que ficou com o ponto de drama extremo com a agressão de Schumacher a Battiston; o prolongamento louco que deu um 3-3; a vitoria alemã nos penáltis batendo uma França em choque.

Só o Alemanha-França do Mundial 82 dá uma história, naquele que é um dos capítulos eternos da história dos Campeonatos do Mundo pelo inesquecível jogo e pelo drama, como também aqui já recordámos. Mas mesmo que a memória conserve o que fica, os factos não param e germânicos e gauleses já se encontraram depois daquele 8 de julho de 1982 escaldante em Sevilha.

Em 27 jogos entre Alemanha e França, os gauleses têm uma vantagem importante de 12-9 entre vitórias e derrotas (havendo seis empates), mas, em fases finais, os germânicos levaram vantagem em três ocasiões contra apenas uma.

Em fases finais, as duas seleções só se defrontaram em Campeonatos do Mundo sendo as meias-finais desta sexta-feira um encontro de estreia em Europeus. Mas o confronto em semifinais de Mundiais já aconteceu duas vezes e foi a Alemanha que garantiu sempre o acesso à final.

A terceira vitória alemã aconteceu no Mundial do Brasil, há dois anos. O único triunfo francês em fases finais já data de 1958, quando ganharam o jogo de atribuição do terceiro lugar do Mundial da Suécia.

No caso específico de semifinais em Campeonatos da Europa, o histórico individual da Alemanha é bem mais vasto do que o da França. Os germânicos, três vezes campeões europeus, já estiveram em sete meias-finais de Europeus. E com cinco vitórias sendo quatro em casa de países anfitriões, o que impõe respeito á França.

Meias-finais da Alemanha em Europeus:

Bélgica 1972

Bélgica-Alemanha (RFA), 1-2

Jugoslávia 1976

Jugoslávia-Alemanha (RFA), 2-4

Alemanha 1988

Alemanha (RFA)-Holanda, 1-2

Suécia 1992

Suécia-Alemanha, 2-3

Inglaterra 1996

Inglaterra-Alemanha, 1-1 (5-6 g.p.)

Áustria-Suíça 2008

Alemanha-Turquia, 3-2

Ucrânia-Polónia 2012

Alemanha-Itália, 1-2

O registo da França em meias-finais de Europeus +e mais modesto d que o da Alemanha com um 2-1 entre vitórias e derrotas, sendo que Portugal foi a vítima nos dois triunfos dos gauleses:

Meias-finais da França em Europeus:

França 1984

França-Portugal, 2-3 (a.p.)

Inglaterra 1996

França-Rep. Checa, 0-0 (5-6 g.p.)

Bélgica-Holanda 2000

França-Portugal, 2-1 (a.p.)

Para o jogo desta quinta-feira, a França está na máxima força, mas Didier Deschamps não revela se vai manter o 4x2x3x1 que goleou a Islândia, se vai ser mais conservador com o regresso de Kanté à equipa. O selecionador francês apenas admite que «para surpreender a Alemanha não se pode pensar apenas em defender».

Não se poderá mudar a história, ninguém pode. Há uma nova página para escrever e os jogadores podem fazê-lo»

Joachim Löw tem mais problemas na escolha do onze. O selecionador alemão deverá voltar ao esquema de quatro defesas, mas não pode contar ao centro do Mats Hummels, que cumpre um jogo de castigo.

Como acontece com Hummels na defesa, na frente está também garantida a ausência de Mario Gómez, que também se lesionou no jogo dos quartos de final. Esta ausência do ponta de lança de raiz que ganhou o seu lugar na equipa durante este Europeu à custa do falso 9 Mario Götze pode levar Löw a ter de aplicar ideias anteriores...

Já no meio campo, a Alemanha perdeu Khedira (lesionou-se frente às Itália), mas o seu substituto nesse jogo, Schweinsteiger, que também esteve em dúvida até esta quinta-feira vai a jogo, como o próprio selecionador confirmou.

«Ele é muito importante para nós. Falei com ele, está pronto», afirmou Löw frisando que «com as ausências de Khedira, Hummels e Gómez a situação não é a sonhada». «Isso torna Schweinsteiger ainda mais importante», disse o selecionador germânico na véspera de defrontar «o adversário mais difícil deste torneio».

Nenhuma destas seleções perdeu ainda qualquer jogo neste Europeu sendo que a Alemanha nunca sequer esteve a perder, pois, também, só sofreu ainda um golo no torneio e concedido por um penálti.

A França tem a seu favor ter o melhor ataque da prova até aos quartos de final – 11 golos – mas já foi obrigada a recuperar de uma desvantagem (com a Irlanda) entre os quatro golos que sofreu ao longo da competição.

2ª meia-final do Euro 2016

ALEMANHA-FRANÇA, 20:00

Estádio Vélodrome, em Marselha

Árbitro: Nicola Rizzoli (Itália)

Onzes prováveis:

ALEMANHA

FRANÇA