Uma Espanha para a História como a melhor seleção de sempre. La Roja conseguiu algo que ninguém fizera: vencer Europeu, Mundial e Europeu de modo consecutivo. Entre as seleções sul-americanas campeãs mundiais, Argentina, Brasil e Uruguai, nunca ninguém conseguiu vencer Mundial e Copa América em três torneios internacionais seguidos. Por isso, a pergunta: se não for esta Espanha a melhor seleção de sempre, quem é?

A Alemanha Federal foi quem esteve mais perto do feito espanhol, mas há também essa Hungria dos anos 50 e o Brasil que virou a década para os idos de 60. Nenhuma delas venceu o que «La Roja» venceu. Aliás, essa Hungria só obteve um título nuns Jogos Olímpicos, numa altura em que não havia Campeonato da Europa.

Mas comecemos pelos alemães. A RFA disputou três finais de grandes torneios: Europeu de 1972, Mundial de 74 e, de novo, o Campeonato da Europa de 1976.

Noutros moldes, a fase final do Euro 72 disputou-se na Bélgica. A Alemanha Ocidental saltava para o topo europeu com um triunfo, na final, por 3-0 sobre a União Soviética.

Gerd Muller, o ponta de lança de recordes do Bayern Munique, bisou no encontro e Wimmer fez o golo restante no Heysel.

Seguiu-se o Mundial de 74. Havia a magnífica Holanda, de Johan Cruijff, uma das seleções mais influentes no futebol moderno. Mas os alemães, a jogar em casa, chegaram à glória mais uma vez.

Em Munique, a RFA até começou a perder, golo de Neeskens. Deu a volta e com Muller a fechar o marcador foi campeã mundial. Enquanto o mundo se encantava com a Laranja Mecânica, os alemães juntavam o Campeonato do Mundo ao Euro 72.

Em 1976, quase o famoso «triplete». A Alemanha foi novamente finalista. Nos quartos-de-final bateu a Espanha e carimbou passagem para a fase final, na Jugoslávia. Venceu a anfitriã na meia-final e disputou o título com a Rep. Checa. Até que uma maldade de Panenka, na decisão por penalties, deixou os alemães a um pontapé do recorde espanhol.

Quatro anos sem perder, com jogo do século pelo meio

A Hungria foi caso de estudo na década de 1950. O ataque poderoso dos magiares, formado por Puskas e Kocsis e apoiado por Bozsik e Hidegkuti, encantou a Europa. A Hungria era, taticamente e tecnicamente, superior a qualquer seleção sua contemporânea. É verdade que «apenas» venceu os Jogos Olímpicos de 1952, em Helsínquia, mas este números deixam qualquer um a pensar.

Em quatro anos, a Hungria não perdeu qualquer jogo. Esteve imbatível em 25 partidas consecutivas e, não fosse a final do Mundial de 54, o recorde seria maior ainda: sem contar com esse jogo, que perderam, os húngaros somaram 46 triunfos e seis empates, até que perderam com a Turquia, por 3-1, em fevereiro de 1956.

Pelo meio, o apelidado, na altura, Jogo do Século. A Inglaterra não perdia em casa há 90 anos. Num Wembley com mais de cem mil pessoas a assistir, Puskas e Kocsis saltaram para o relvado para acabar com a invencibilidade inglesa: 6-3. Hidegkuti fez o 1-0 no primeiro minuto e, partir daí, houve um festival de futebol. A Hungria superiorizou-se de tal forma que, em Inglaterra, dissiparam-se dúvidas sobre o poder do futebol magiar.

O problema da Hungria foi outro. Chamou-se Milagre de Berna. Nessa final do Campeonato do Mundo de 1954, os húngaros eram claros favoritos frente à Alemanha. Puskas e Czibor marcaram cedo, aos 6 e aos 8 minutos. Mas Morlock e Rahn também foram rápidos a empatar, aos 10 e aos 18 minutos. A seis para os 90, e com a Hungria lançada no ataque, Rahn bisou e, para espanto geral, os alemães saíam campeões do mundo, como só eles aprenderam a fazer.

Falta o Brasil. Em 1958, campeão do mundo, em 1962 também. Na Copa América, na altura ainda Campeonato Sul-Americano, zero títulos, mas duas vezes finalista em 1957 e 58. A semelhança com a Espanha atual reside noutro ponto: o conjunto de jogadores, praticamente o mesmo, venceu o Mundial na Suécia e no Chile. E claro, havia o melhor Pelé. Suficiente para fazer frente a esta Espanha?