O 10 sempre foi mais do que um número, um dorsal, mais até do que uma posição em campo. O 10 era o craque, o líder incontornável do ataque. Criador e, muitas vezes, também finalizador. No passado, muitas vezes o 10 era o 10, outras camuflava-se noutros números. «Os 10 e os deuses» recupera semanalmente a história destes grandes jogadores do futebol mundial. Porque não queremos que desapareçam de vez. 

O dez do bigode. O dez da finta-elástico.

Roberto Rivellino. O Rivellino dez de uma equipa com vários dézes, esse Brasil mágico de 70, com Gerson, Tostão, Pelé e Jairzinho. O Brasil de Carlos Alberto sim, e daquele puta-que-pariúuu gritado a plenos pulmões na final com a Itália. O Dez, esse é de Pelé, já ele é arrumado, com o 11, a ponta-esquerda. Rei é rei!

Mesmo assim, na sombra do maior de todos e mais-que.tudo, não é ponta-esquerda-esquecida como brincávamos na infância. Já não é o Maloca das peladas em São Paulo, mas é sim o Patada-atômica. O terror dos guarda-redes.

iRivellino: 10 e braçadeira no Mundial 1978, na Argentina.

Na Alemanha, quatro anos depois, é o último dessa geração dourada. Não há Zagallo, ou Pelé. Ou sequer Gerson, Carlos Alberto, Tostão ou Clodoaldo. É o 10 nas suas costas que se propõe a encher o campo, mas, apesar do brilho, não é suficiente abrangente para colocar areias na engrenagem de uma nova ideia em voga: a da Laranja Mecânica, de Cruijff e Michels.

Falha num teste do Palmeiras, mas não o travam. É depois Corinthians, Fluminense e Escrete. Nascido entre a rua e o futsal, desenvolve ambos os pés, mas sobretudo a canhota, dotada de um toque especial e de uma potência fora do comum. À esquerda ou no meio como armador, torna-se rapidamente ídolo das torcidas e, com o passar do tempo, também de um miúdo argentino chamado Diego. Diego Armando Maradona.

Os primeiros jogos como sénior no Corinthians.

Drible, cabeça levantada e passe. Livres a toda a potência. A irreverência, a ginga que desafia os adversários por detrás do bigode, e a personalidade vincada, no limite do mau-feitio, capaz de peitar o mundo.

Aos 19 anos, Timão e Seleção. Um reizinho do Parque. Em 1968, os primeiros golos pela canarinha. Dois anos depois, três golos na fase final do Campeonato do Mundo. Melhor no Brasil só Jairzinho e Pelé. Mais três golos em 1974, mas desta vez sem troféus. Perde o Paulistão para o Palmeiras e torna-se bode expiatório. Culpam-no pela derrota, sai para o Fluminense. Estreia-se frente ao ex-clube e marca três num 4-1 com sabor a vingança. Em 1978 volta ao Mundial, mas desta vez sai em branco. Emigra para a Arábia Saudita e, aos 35, pendura as botas.

Rivellino em baixo, com o seu bigode inconfundível, na sua passagem pelo «Máquina Tricolor».

Rivellino é um dos maiores de sempre. O Dez do Bigode. Um dez com carisma.

Alguns dos melhores momentos:

Football's Greatest, parte 1:

Football's Greatest, parte 2:

Roberto Rivellino
1 de janeiro de 1946

1965-74, Corinthians, 474 jogos, 141 golos
1975-78, Fluminense, 158 jogos, 53 golos
1979-81, Al-Hilal (Arábia Saudita), 57 jogos 23 golos

Brasil, 122 jogos, 43 golos

Campeão do Mundo (Brasil, 1970)
Torneio Rio-São Paulo (Corinthians, 1966)
Campeão Carioca (Fluminense, 1975 e 1976)
Campeão Saudita (Al-Hilal, 1978-79)
Equipa All-Star do Campeonato do Mundo de 1970

Primeira série:

Nº 1: Enzo Francescoli
Nº 2: Dejan Savicevic
Nº 3: Michael Laudrup
Nº 4: Juan Román Riquelme
Nº 5: Zico
Nº 6: Roberto Baggio
Nº 7: Zinedine Zidane
Nº 8: Rui Costa
Nº 9: Gheorghe Hagi
Nº 10: Diego Maradona

Segunda série:

Nº 11: Ronaldinho Gaúcho
Nº 12: Dennis Bergkamp 
Nº 13: Rivaldo
Nº 14: Deco
Nº 15: Krasimir Balakov