*por David Marques

Enquanto este texto era escrito, Alexis Sánchez assinava pelo Arsenal. O atacante chileno transferiu-se do Barcelona para o clube londrino por uma verba a rondar os 30 milhões de libras (cerca de 37,8 milhões de euros). Para já, esta é a segunda maior transferência realizada durante o Mundial 2014. 
Mas Alexis não foi o único a valorizar-se no Campeonato do Mundo, a maior (e mais exclusiva) montra futebolística. Com o Mundial a aproximar-se do fim é de esperar que o mercado internacional agite muito e os nomes mais sonantes terão estado no Brasil. 

No centro das atenções para futuras transferências milionárias estão nomes bem conhecidos dos portugueses como James Rodríguez e Di María. Já houve movimentações sonantes este ano, e algumas ficaram resolvidas antes do Mundial. É o caso de David Luiz, que trocou o Chelsea pelo PSG ainda em maio, a troco de 50 milhões. Diego Costa e Cesc Fàbregas foram confirmados no Chelsea já durante a prova. O Mundial confirmou talentos, mas também trouxe consigo algumas surpresas, novos alvos que alguns dos clubes mais poderosos da Europa vão querer agarrar. E agora tudo vai desenrolar-se a uma velocidade superior . «Antes do Mundial não há grandes movimentações no mercado. Toda a gente fica à espera que a prova faça depois acontecer os negócios», analisa o agente FIFA Jorge Manuel Mendes em conversa com o Maisfutebol .


David Luiz trocou o Chelsea pelo PSG a troco de quase 50 milhões de euros

Mas será que o Mundial é mesmo bom conselheiro para os clubes compradores?  Talvez não. Um dos homens mais experientes de sempre nestas coisas, Alex Ferguson, desconfiava.  Nas suas memórias, o ex-treinador do Manchester United escreveu que tinha algumas reservas em avançar para a compra de jogadores após grandes competições. 

Na origem desta decisão pragmática estiveram dois jogadores contratados pelo Manchester em 1996, altura em que o então treinador do Manchester United aprendeu que... nem sempre o que parece é. «Ponderei sempre a compra de jogadores depois de bons desempenhos em torneios. Fi-lo no Campeonato da Europa de 1996», escreveu na sua biografia. 

Ferguson referia-se a Jordi Cruyff (Holanda) e a Karel Poborsky (Rep. Checa), dois jogadores que considerava terem, depois, ficado aquém das expectativas em Old Trafford. O técnico considerava que a componente motivacional poderia levar os jogadores a atingir, nestes torneios, níveis exibicionais que dificilmente conseguiriam alcançar ao serviço de clubes. 

O caso da Costa Rica

Entre os jogadores que mais deram nas vistas estão os costarriquenhos. Considerada à partida uma das seleções mais fracas do mundial, chegou ao quartos de final, onde só perdeu com a Holanda no desempate através da marca de grandes penalidades. Pelo caminho ficaram Itália, Inglaterra e a Grécia de Fernando Santos. E o mundo ficou a conhecer nomes como Joel Campbell, Tejeda, Bolaños, Keylor Navas, entre outros, numa seleção onde 12 dos 23 jogadores ainda atuam em clubes americanos.


Navas foi considerado três vezes o melhor jogador em campo

Mas será que o desempenho surpreendente da Costa Rica é suficiente para atrair o interesse de grandes clubes europeus? «Há jogadores que brilham num curto espaço de tempo, mas isso pode ser enganador. Nenhum jogador pode ser considerado um fenómeno pelo que faz em tão pouco tempo. Quem comprar motivado por isso, corre um risco enorme. Os bons jogadores de futebol são como o azeite. Vêm sempre ao de cima», explica Jorge Manuel Mendes, que não antevê um grande reboliço em torno dos internacionais costarriquenhos à excepção do guarda-redes Keylor Navas. 

Seja como for, o Mundial é sempre um amplificador. E há alguns jogadores que saem do Brasil claramente mais valorizados do que chegaram. Estarão entre os protagonistas das próximas semanas, muito provavelmente. Dez apostas.

D ez nomes que prometem agitar o mercado

Guillhermo Ochoa. Raramente foi opção ao longo das fases de apuramento para o Mundial mas, de quase proscrito (em detrimento de Jesus Corona) para a baliza mexicana, tornou-se numa das grandes figuras da seleção do México durante a prova. Jogava no modesto Ajaccio, que foi relegado para o segundo escalão francês, e passou pelo contragimento de ter sido o guarda-redes mais batido do campeonato francês na última época. Chegou ao Mundial sem clube, mas, durante a prova, o agente do jogador confirmou o interesse de muitos clubes no jogador. A TV Azteca, do México, dava-o esta quinta-feira como praticamente certo no Atlético Madrid.

James Rodríguez. A lesão de Radamel Falcao obrigou-o a assumir a batuta dos cafeteros no Mundial. Com seis golos, o antigo jogador do FC Porto foi uma das principais figuras da prova que chega ao fim neste domingo. Tem sido apontado ao Manchester United e ao Real Madrid, mas o seu futuro deve passar mesmo pela capital espanhola, isto se o Mónaco decidir abrir mão do jogador numa transferência que, a concretizar-se, poderá atingir os 80 milhões de euros.

Angel Di María. No Real Madrid desde 2010, é cobiçado há muito por alguns dos principais clubes europeus. Mas as exibições do argentino no Mundial fizeram aumentar o lote de interessados. Segundo o AS, Manchester United e PSG estarão dispostos a pagar 70 milhões de euros pelo ex-Benfica, o que seria a maior venda de sempre de um clube espanhol, superando os 60 milhões de euros pagos em 2000 pelo Real ao Barcelona na transferência do português Luís Figo.

Keylor Navas. O guarda-redes da Costa Rica foi um dos principais obreiros da campanha da seleção da América Central até aos quartos de final. Eleito três vezes o melhor em campo durante o Mundial, só foi batido duas vezes ao longo da prova. Ricardo Cabañas, agente do jogador do Levante, confirmou há dias ao site Todomercadoweb que não têm faltado sondagens pelo jogador, mas que só lhe chegaram às mãos duas ofertas: uma do FC Porto e outra do Atlético Madrid. Navas tem uma cláusula de rescisão de 10 milhões de euros.

Joel Campbell. Foi um dos jogadores mais falados durante a primeira fase da prova. O avançado costa-riquenho pertence aos quadros do Arsenal há três épocas, mas desde então já foi emprestado a três clubes: na última temporada representou o Olympiacos, tendo apontado oito golos em 32 jogos do campeonato grego. «Vai regressar na pré-época. Está a amadurecer bem», disse Arsene Wenger. Não é de excluir, porém, novo empréstimo. Segundo a imprensa britânica, West Ham, Everton e Southampton têm interesse no costa-riquenho de 22 anos.

Marcos Rojo. Está há dois anos no Sporting, onde chegou proveniente do Spartak Moscovo. O central tem sido aposta de Sabella para o lado esquerdo do sector mais recuado da alviceleste e os seus desempenhos têm sido amplamente elogiados. Por isso mesmo, parecem não faltar clubes interessados nele: recentemente, o jornal italiano Tuttosport identificou Barcelona, Liverpool, Juventus, PSG, Roma e Nápoles como possíveis destinos do argentino.

Slimani. O ponta-de-lança do Sporting prolongou até ao Mundial o bom final de época e assumiu-se como uma das figuras de maior destaque da Argélia, que nos oitavos de final bateu o pé à finalista Alemanha. De acordo com a imprensa argelina há pretendentes em Inglaterra e o Crystal Palace estará disposto 12,5 milhões de euros pelo jogador.

Hector Herrera. Chegou ao FC Porto há um ano, mas nunca encantou. Agora, no Mundial, Hector Herrera mostrou a razão pela qual os dragões abriram os cordões à bosa para o contratar. Esteve em destaque no México e mereceu rasgados elogios de Rio Ferdinand, que afirmou no twitter que não hesitaria em contratá-lo. De acordo com o diário inglês Mirror, o jogador agrada a Brendan Rodgers, técnico do Liverpool.

Enner Valencia. Apontou todos os golos (3) da seleção equatoriana no Mundial. Joga no Pachuca, do México, e o bom desempenho no Brasil pode valer-lhe, aos 25 anos, uma transferência para o futebol europeu. De acordo com a Sky Sports, o West Ham, de Inglaterra, terá apresentado uma proposta de cerca de 15 milhões de euros pelo jogador. O L'Equipe coloca-o na órbita de cerca de uma dezena de clubes europeus, entre os quais o FC Porto e o Sporting.

Juan Cuadrado. Está na Fiorentina desde 2012, onde, na última temporada assumiu lugar de destaque ao anotar 11 golos na Serie A. No Mundial fez um golo e foi um dos principais obreiros da campanha imaculada até aos quartos de final, onde os cafeteros foram eliminados pelo Brasil. O ala, de 26 anos, tem sido associado clubes como o Manchester United, Arsenal, Bayern e Barcelona. No início da semana, o desportivo catalão Sport indicava que os blaugrana seriam mesmo o destino do colombiano.

Top 5 das transferências de «mundialistas» (em milhões de euros)
David Luiz (do Chelsea para o PSG): 49,5 milhões
Diego Costa (do Atético Madrid para o Chelsea): 38 milhões
Alexis Sánchez (do Barcelona para o Arsenal): 37, 8 milhões
Luke Shaw (do Southampton para o Manchester United): 37,5 milhões
Cesc Fàbregas (do Barcelona para o Chelsea): 33 milhões