Tata Martino dizia no final do Barcelona-Getafe da Taça do Rei que a carreira de Messi é de guião de cinema. E como. Não é que o regresso do 10 coincidiu dia por dia com outro regresso famoso de Diego Maradona, exatamente 30 anos depois, ambos selados com dois golos? Um guião perfeito, perfeitinho.  

A 8 de janeiro de 1984, Maradona voltou a jogar pelo Barcelona pela primeira vez em três meses e meio, pela primeira vez desde que uma brutalidade de Andoni Goikoetxea no Barcelona-At. Bilbao ameaçou acabar-lhe com a carreira. Diego recuperou e voltou naquele primeiro jogo daquele ano. Jogou de início no Camp Nou e marcou dois golos nessa vitória sobre o Sevilha por 3-1: o primeiro aos 17m e o segundo aos 68m, antes de sair para descansar. 

A imagem do regresso de Diego, divulgada agora pelo Barcelona



A 8 de janeiro de 2014, Lionel Messi voltou a jogar pelo Barcelona pela primeira vez em dois meses, pela primeira vez desde que saiu lesionado do jogo com o Bétis, a 10 de novembro. E marcou dois golos nessa vitória sobre o Getafe. Isto soa a disco riscado, mas a culpa é deles.

O diagnóstico de Messi foi uma rotura muscular na perna esquerda, com paragem estimada em seis a oito semanas. Era mais uma de várias lesões que limitaram o astro argentino em 2013 e que levantaram muitas questões sobre a sua condição física. Depois de ter passado parte do tempo de recuperação na Argentina, e finda a paragem natalícia, voltou aos treinos e foi finalmente convocado para o jogo com o Getafe. Começou no banco, entrou aos 64 minutos , já o Barça vencia por 2-0. Com o jogo a aproximar-se do fim, deixou a sua marca: marcou o 3-0 em cima dos 90 minutos e o 4-0 já nos descontos, um belo segundo golo para a sua conta.



Como se já não bastassem as comparações entre Maradona e Messi, como se a propósito do Getafe não se tivesse já toda a gente lembrado daquele golo de Léo, em 2007, a evocar «o» golo de «El Pibe» à Inglaterra, no Mundial 86.


Messi's Maradona goal vs getafe by barcamania23

Além das coincidências com Maradona, o timing do regresso de Messi é perfeito. Chega dias antes do grande clássico de sábado da Liga espanhola, o duelo pela liderança entre Barcelona e At. Madrid, os dois empatados na frente. Uma enorme dose de motivação para o Barça.

Foi o próprio clube a recordar agora a coincidência dos 30 anos de diferença entre os regressos no Camp Nou dos dois astros argentinos. Ao longo desta quinta-feira o Barcelona foi alimentando a euforia com a reaparição de Messi, publicando dados sobre o impacto mundial que teve. Diz o Barça que o segundo golo de Messi gerou 24 mil entradas. E garante que, nas várias redes sociais, o clube ganhou na noite de quarta-feira mais meio milhão de fãs.



Seguramente, não foi só na Catalunha e entre os adeptos do Barcelona que se ouviu respirar de alívio por Messi ter voltado em estilo. Basta olhar para a primeira página do jornal argentino Olé. Messi começa o ano do Mundial 2014 a dizer alto e bom som à Argentina e ao mundo que está aí. «Já podemos dormir tranquilos», suspira o Olé.

Ora veja



O Olé baralhou as letras do seu nome no cabeçalho para formar a palavra Léo. Era o único jornal que podia fazer algo tão forte como isto e para termos uma ideia da ansiedade com que a Argentina seguia a evolução do estado de Messi basta o facto de ter jogado agora esta fantástica cartada, sem esperar pelo dia em que Léo, imaginemos, marque dois golos à Inglaterra nos quartos de final de um Mundial, um com a mão e outro divino. Ou, vá, quatro à Coreia do Norte para chegar à meia-final de um Campeonato do Mundo.