O que vemos nesta imagem é Michael Jordan a marcar o ponto 32.292 da sua carreira, o último que marcou. Um dos maiores desportistas de sempre despediu-se logo depois, a um minuto e quarenta e quatro segundos do fim daquele jogo entre os Philadelphia 76ers e os Washington Wizards. Era abril de 2003 e Air Jordan tinha 40 anos.

A última ação de Jordan em campo foi esse lance livre, com todos os jogadores em campo a olhar e em fundo um pavilhão lotado de gente que foi despedir-se dele, como se vê nesta foto da autoria de Gary Hershorn para a agência Reuters. Foram dois lances livres seguidos, a penalizar uma falta que Eric Snow, dos 76ers, cometeu de propósito.

Acabava ali a época regular, os Wizards iam ficar pelo caminho (perderam esse jogo por 107-87) e todos os que estavam naquelas bancadas, em Filadélfia, sabiam que estavam a ver história acontecer. Eram os últimos momentos da carreira de Michael Jordan. Na reta final de um jogo marcado por uma série de evocações da sua carreira, antes do início e ao intervalo, Jordan já tinha recolhido ao banco, com 13 pontos marcados.

Mas o público não queria que acabasse assim e começou a chamar por ele. «We want Mike», gritava-se. O treinador dos Wizards convenceu-o a voltar. E o técnico adversário, Larry Brown, instruiu Snow para arranjar maneira de Jordan marcar mais uns pontos e sair para a ovação. «O treinador disse-me para fazer falta sobre ele, mandá-lo para a linha (de lance livre) para marcar alguns pontos e tirá-lodali», contou Snow.

Assim foi. Jordan marcou o seu ponto 32.291, depois o 32.292 e a seguir saiu. Foi aplaudido de pé pelos jogadores das duas equipas, pelos treinadores e, claro, por toda a gente nas bancadas, durante três minutos. Deixou o jogo como o terceiro melhor marcador de sempre da NBA, atrás apenas de Abdul-Jabbar e Karl Malone, e com a melhor média de sempre: 30.12 pontos por jogo.

«Nunca dei o jogo por garantido. Fui sempre muito verdadeiro com o jogo, e o jogo foi muito verdadeiro comigo. É tão simples como isso», disse naquele dia.

Era a terceira despedida de Jordan, esta foi de vez. Este regresso aos Wizards já tinha acontecido fora de tempo. Co-proprietário do clube, ele tinha decidido regressar em 2001, quando a equipa persistia em estar abaixo das expectativas. Jogou duas temporadas, mas em nenhuma delas conseguiu levar os Wizards aos play-off.

A carreira a sério de Michael Jordan, na prática, tinha acabado em 1999. Foi quando disse adeus pela segunda vez, meses depois de ter ganho o seu sexto título com os Chicago Bulls. Faz agora 14 anos, exatamente. Foi a 13 de janeiro de 1999 que ele anunciou o adeus ao jogo pela segunda vez. A imagem que se segue é da conferência de imprensa em que fez esse anúncio e dá uma ideia do impacto que teve.



A história do eterno 23 começa em 1985 e segue em crescendo até1993, quando, depois de ganhar três anéis de campeão seguidos com os Bulls, ele decidiu ir-se embora. O seu pai tinha sido assassinado meses antes, Jordan disse que tinha perdido a paixão pelo jogo e não queria mais.

Não deixou o desporto, para surpresa de todos meses mais tarde apareceu a jogar basebol na liga menor norte-americana, pelos Chicago White Sox. Disse um dia que o sonho do seu pai era que ele fosse jogador de basebol.

Não se distinguiu por aí. E em 1995, com os Bulls incapazes de recuperar da sua ausência, decidiu voltar. Ganhou mais três títulos. O último frente aos Utah Jazz, com um cesto a 5,2 segundos do fim do Jogo 6. 87.86 para os Bulls e a lenda de Jordan completa.

É este o momento do verdadeiro adeus