Miguel explicou o adeus à Selecção Nacional, dizendo que ponderou a sua idade mas também o facto de não se sentir «valorizado» em Portugal. O lateral do Valência fala de resto da excelente época que está a realizar no clube, da ambição de ganhar um título e dos primeiros tempos com José Mourinho no Benfica.

Em entrevista ao «As», Miguel começa por abordar o seu bom momento no clube, actual líder da Liga espanhola. «Pode-se dizer que esta é a época em que estou melhor. A equipa está a jogar bem e isso facilita o trabalho de todos», afirma, falando depois do seu momento de forma: «É fruto da vontade de fazer as coisas bem. Já tenho alguma idade e quero desfrutar o que me resta.»

Questionado se foi esse o motivo para deixar a selecção, Miguel responde: «Sim. Não foi uma decisão fácil, mas há dois anos e meio que as coisas não me corriam bem. Não me sentia valorizado e decidi deixar a selecção porque me afectava bastante, a nível pessoal e profissional.»

Olhando para o futuro, aos 30 anos, Miguel diz que se vê a jogar até aos 34. «A partir desta idade depende das lesões e de como te encontres fisicamente. Mas acho que me vejo a jogar até aos 34 anos quando muito. Mais não sei, não creio», nota, admitindo acabar a carreira no Valência: «Vejo com bons olhos renovar (tem mais ano e meio de contrato), porque tenho a ilusão de me retirar aqui. Não penso em mudar. Chega um momento da tua vida em que dizes «Estou bem, numa grande equipa, com um grande projecto». Já sou da casa, porque esta é a minha sexta temporada aqui, sinto-me bem no Valência, tenho aqui a minha casa, os meus amigos.»

Quanto à época do Valência, Miguel diz que ainda é cedo para falar na luta pela Liga espanhola, mas está confiante: «Sinceramente, há plantel para ganhar algo. Depende de nós e também dos outros. Porque estamos a falar de um Barça que é muito Barça, de um Madrid que não convenceu ainda todos, mas é o Madrid.»

A propósito, a terminar a entrevista o jornalista pergunta a Miguel se o surpreende o «show» que o seu compatriota Mourinho está a dar em Espanha. «Não, porque já estou habituado, pela imprensa portuguesa, e também porque trabalhei com ele quando começou como treinador do Benfica», começa por responder Miguel.

«Esteve quatro meses e tive a oportunidade de trabalhar com ele. Mudou muito nestes anos, mas é uma grande pessoa. Muita gente não gosta da sua maneira de trabalhar e de ser, mas há que respeitá-lo. Nunca tive nenhum problema com ele. Ri-me muito no tempo que estive com ele, é um tipo muito engraçado. Não parece, mas para as pessoas de quem gosta e para os seus jogadores o seu relacionamento é impressionante. É um bom tipo», conclui.