27 de outubro de 2012, Barcelos. Miguel Rosa aquece o banco, sabendo que a sua oportunidade ainda não chegou. Terá de esperar um pouco mais. 90 minutos como suplente não utilizado no Gil Vicente-Benfica (0-3). Pouco para o capitão da equipa B.

«Olhando para o Benfica B, ele é a alma da equipa, representa a mística do clube, pela vontade de ganhar, vale pelo que joga e pelo exemplo», resume Rui Gregório, técnico que o levou para o Belenenses em 2010, ao Maisfutebol.

Com dez golos na presente edição da Liga de Honra (viu-lhe ser atribuído o primeiro golo frente ao Marítimo B, num remate que ainda desviou num defesa), o médio ofensivo é um dos melhores marcadores da competição, a curta distância de Joeano e Ricardo Esgaio.

Nesta sexta-feira, mais uma distinção para Miguel Rosa. Foi o melhor da II Liga em outubro/novembro. Nada de novo para o médio de 23 anos.

«Já não é um jogador revelação, porque já se revelou há dois ou três anos. Acredito que, mais tarde ou mais cedo, vai ser um jogador bastante utilizado no primeiro escalão», vaticina João Carlos Pereira, que o treinou no Estoril, na transição para os seniores, em 2008/09.

Quatro épocas na II Liga

Estoril, Carregado, Belenenses. Quatro épocas de crescimento na II Liga, na condição de emprestado, assumindo-se como uma referência na prova.

«Fui buscá-lo para o Belenenses e penso que nesse ano ele recebeu o prémio de melhor jogador da II Liga, com toda a justiça. Já o acompanho desde os juniores do Benfica. Marca sempre muitos golos, 15 por época, foi dos jogadores com quem mais tive prazer em trabalhar», recorda Rui Gregório.

Jorge Jesus perdeu Javi García e Axel Witsel. Quando falou na sucessão, evocou André Almeida e André Gomes. Porquê eles e não Miguel Rosa?

«Todos eles são jogadores diferentes. O André Almeida e o André Gomes têm justificado, mas tenho a certeza que o Miguel Rosa também corresponderia se fosse chamado. Tem todas as condições para tal», frisa João Carlos Pereira, em diálogo com o Maisfutebol.

André Almeida assume-se como lateral direito ou trinco, enquanto André Gomes é um oito. Miguel Rosa joga mais à frente, onde vão abundando soluções no plantel do Benfica. De qualquer forma, recuar ligeiramente no terreno não seria um problema para ele.

Número 10 ou interior esquerdo

«No Estoril, em 2008, jogava como médio interior esquerdo num sistema 4x4x2 losango. Ou então, como número 10. É certo que no plantel do Benfica há vários jogadores para o mesmo tipo de funções ofensivas. O Gaitán, por exemplo, não tem jogado nesta altura. Mas haveria espaço para ele», explica Pereira.

Rui Gregório assina por baixo. «No Belenenses, jogou como interior esquerdo mas sobretudo como 10. Ele gosta de derivar da esquerda para o centro, porque gosta de rematar daquela posição, um pouco como Simão fazia. Jorge Jesus saberá melhor, mas não tenho dúvidas que ele está pronto». «Aliás, tenho a certeza que ele seria destaque já em qualquer outra equipa da Liga, mesmo as que lutam pela Europa», faz questão de acrescentar.

João Carlos Pereira não vê grandes falhas em Miguel Rosa. Progressivamente, aprendeu a dosear o esforço. Aos 23 anos, é um produto bem trabalhado. «Tivemos muitas conversas no Estoril e dizia-lhe para não ter pressas, entre os 18 e os 22 anos é preciso jogar com regularidade. Com o tempo, aprendeu a gerir melhor os seus recursos enérgicos.»

«É um jogador muito rotativo, não se esconde, quer sempre criar linhas de passe. Tem uma capacidade impressionante para assistir e, para além disso, um alto compromisso com a profissão. Está preparado», rematam os dois treinadores. Jesus tem a palavra.