A Sky Sports comprou os direitos de transmissão para o Reino Unido de jogos em direto da Major League Soccer. O acordo foi anunciado na semana passada, a poucos dias de começar a 20ª edição do principal campeonato de futebol dos Estados Unidos da América. Os números ficaram por enquanto no «segredo dos deuses», que são, neste caso, anglo-saxónicos. Mas a dimensão do negócio é concebível. E o seu alcance também.

Sobretudo, se se tiver em conta que, para os Estados Unidos, os direitos de transmissão dos jogos da MLS a partir desta época passaram a custar 90 milhões de dólares (cerca de 80,4 milhões de euros) por temporada. Sobretudo, se se tiver em conta também que, no início do mês que passou, a Sky pagou 4,2 mil milhões de libras (cerca de 5,5 mil milhões de euros) pela transmissão de 126 jogos da Premier League por época para as temporadas 2016/19.

Salvaguardadas as devidas distâncias entre o campeonato nacional de futebol mais caro do mundo no que respeita às transmissões – o inglês – e uma liga não europeia, vê-se que o dinheiro está a chegar ao futebol dos EUA ao mesmo tempo que o «soccer» está em processo de mostrar-se além-fronteiras.
 


Em maio do ano passado, a MLS estabeleceu um acordo de transmissões (que incluem os jogos da seleção masculina dos EUA) para o período 2015/22 que quintuplicou os valores em vigor até à última temporada. Os 18 milhões de dólares (cerca de 16 milhões de euros) ganhos por ano até agora pelas transmissões em direto dos jogos passam a ser 90 milhões de dólares (cerca de 80,4 milhões de euros) anuais.

O bolo é dividido entre a ESPN e a Fox para o mercado de língua inglesa com o pagamento de 75 milhões de dólares (cerca de 67 milhões de euros) e a Univision para o mercado de língua espanhola com o pagamento de 15 milhões de dólares (cerca de 13,4 milhões de euros).

O dinheiro está a entrar como nunca na MLS. As equipas estão a (ter mais dinheiro para) contratar jogadores do futebol europeu em maior quantidade. O estreitamento dos laços entre o futebol dos continentes faz-se acentuando a tendência das contratações pelos clubes da MLS de craques cujas pernas no futebol europeu já não acompanham o estatuto que ainda arrastam – como veio acontecendo com David Beckham ou Thierry Henry. A televisão vai acompanhar (e pagar para ver – e financiar) esse aumento da tendência.
 



A Sky será a porta da entrada em grande na Europa deste campeonato «made in USA» a reforçar-se em milhões de notas. A estação britânica junta os jogos em direto da MLS a outras competições que transmite para o Reino Unido como a qualificação para o Euro 2016, a Liga dos Campeões, a Premier League, a Taça da Liga Inglesa, a Taça de Itália, as liga e taça de Espanha, ou os jogos da seleção inglesa, por exemplo.

A estação britânica está no centro da evolução
que os direitos televisivos estão fomentar no futebol europeu e estende-se ao continente norte-americano. A Sky irá transmitir em direto dois jogos por semana (pelo menos) da fase regular da MLS, o jogo «All-Star», todos os encontros dos play-offs e a final. O acordo (com valores mantidos secretos) foi estabelecido para quatro anos.

Ao 20º ano de existência, a MLS não tem só um novo logótipo, nem vai apenas aumentar o número de equipas para 20 (com 22 previstas para 2017) – divididas por duas conferências. A principal liga de futebol dos Estados Unidos espelha o perfume europeu como nunca e uma série de estrelas reforçadas para este ano como David Villa, Sebastian Giovinco, Frank Lampard e Steven Gerrard – que se juntam a outros como Robbie Keane ou Bradlley Wright-Phillips.
 



O êxodo de jogadores em fim de estação na Europa está a ser reforçado em quantidade assim como o poderio financeiro da liga também; numa tendência de movimentos idênticos ao que acontece ao mais alto nível no plano europeu – como já foi visto
[a partir do outro artigo relacionado] e como começam a ser temidos pelos concorrentes de peso.

O reforço da MLS começou logo a ser notado com a expansão para 20 equipas com o Orlando City FC (de Kaká) e o New York City FC (de Lampard e Villa), emblema subsidiário do Manchester City – como é o New York Red Bulls da franchise
futebolística da marca de bebidas. O campeão LA Galaxy também se reforçou com Gerrard, assim como o Toronto FC com Giovinco juntando-se a outros favoritos como os New England Revolution (vice-campeões) e Seattle Sounders e Sporting Kansas City.

O perfume do futebol português está na MLS em forma de empréstimos por parte do Benfica, com Steven Vitória no Philadelphia Union e Rafael Ramos e Estrela (da equipa B encarnada) no Orlando City FC. O pontapé de saída da MLS é no dia 6.