Entre os atletas da equipa Gémeos Castro, a favorita ao título de campeã nacional de corta-mato longo, prova que se disputa este domingo na pista do Estádio Nacional, Carlos Calado é o nome de que mais se fala. O fundista algarvio, que perdeu recentemente a mulher e os filhos, estará presente na corrida do Jamor, mas para Domingos Castro, que o tem acompanhado desde o trágico acidente, não sabe se o companheiro aguentará as emoções

«Aparentemente está preparado, mas não sabemos o que vai dentro dele e uma coisa é ele falar agora e outra será o dia da competição, com todo aquele envolvimento das pessoas. Penso que ele vai lembrar-se muito da família, porque em todas as competições a que o Carlos ia a família estava sempre com ele. Vamos esperar para ver como vai reagir no momento», comentou Domingos Castro ao Maisfutebol.

O irmão Castro tem estado a «comandar» a equipa e sabe melhor que ninguém como a situação de Carlos Calado tem afectado o grupo. Domingos Castro lembra como tudo aconteceu e confessa que muito tem sido o esforço para ultrapassar a situação. «Estávamos em estágio e longe, em Porto Santo. Quando soubemos da notícia realmente foi uma tragédia muito grande para todos. Pouco a pouco estamos a tentar recuperar, o que não é fácil, porque isto tudo ainda está muito fresco, mas também pode servir de estímulo para conseguirmos uma vitória que ele possa dedicar à sua mulher e aos seus filhos. O melhor prémio que nós poderíamos receber seria mesmo esse.»

Sobre a atitude de José Mourinho que ofereceu o prémio do último jogo com o Benfica e que o F.C.Porto ganhou por 1-0, Domingos Castro disse que «foi a atitude mais linda que podia ter acontecido» e agradeceu o gesto de Mourinho. «É um homem com um «H» do tamanho do mundo. O que o Mourinho fez também mexeu com muitas pessoas da nossa sociedade», afirmou.

«A verdade é que o Carlos foi recebido pela equipa do Futebol Clube do Porto na véspera do jogo com o Benfica, toda a equipa se disponibilizou para o ajudar. O Carlos ficou muito emocionado e recebeu ainda a camisola com o nome dele e com o número doze, assinada por todos os jogadores da equipa... Ele está a viver momentos muito emotivos e está a ver que há muitas pessoas à volta dele, muitos amigos, o que está a ajudar muito. E eu agradeço a toda a gente que está a ajudar o Calado, porque infelizmente ele precisa dessa ajuda», concluiu Domingos Castro.

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