12 de Agosto de 1984, há 30 anos, Carlos Lopes escrevia uma página de ouro na história do Desporto português. O maratonista, na altura com 37 anos, conquistou em Los Angeles a primeira medalha de ouro em Jogos Olímpicos para Portugal e o tempo que fez nesta prova (2 horas 9 minutos e 21 segundos) foi recorde olímpico durante 24 anos.

Quinze dias antes da prova, o sonho poderia ter acabado antes de começar. Durante um treino na segunda circular, Carlos Lopes foi atropelado. «Julguei que ia bater com a cabeça no asfalto. Por instinto defendi-me e acabei por cair sobre a omoplata esquerda. Nem sei como a cabeça não bateu em nada... Levei algum tempo a levantar-me. Tinha medo, pensava que já não ia a Los Angeles», recordou mais tarde, em entrevista ao jornal «A Bola», o atleta português.

Naquela manhã, foi directo para o Hospital de Santa Maria, onde fez vários exames. O procedimento repetiu-se numa clínica, já com a supervisão de um médico do Sporting, e os resultados foram conclusivos: estava tudo bem.

O português foi para Los Angeles com o estatuto de campeão mundial de corta-mato e como corredor de topo em pista, mas sem muita experiência na maratona. Antes de Los Angeles, tinha corrido três vezes a prova de 42,195 quilómetros, tendo terminado uma delas. Tinha desistido na estreia, dois anos antes, em Nova Iorque, e em Roterdão, no mês de Abril desse ano de 1984. Um ano antes (Abril de 1983), brilhou em Roterdão, ao ser segundo com 2.08.39, recorde da Europa. Antes da prova de 84 confessou qual o adversário que mais temia: «A distância, os 42.195 metros».

Apesar da diferença horária que fez com que a prova decorresse de madrugada, em horário português, milhares de portugueses acompanharam em direto o feito do atleta. Pela televisão foram vendo, tal como Carlos Lopes, os principais adversários do atleta do Sporting - Alberto Salazar, Robert de Castella e Toshihiko Seko -, os grandes favoritos, ficarem para trás.

Aos 38 quilómetros, o português atacou, isolou-se, e correu rapidísssimo para a meta. Venceu a prova com 35 segundos de vantagem para o irlandês John Treacy, segundo classificado. O recorde que estabeleceu, só caiu em Pequim, em 2008.