O britânico de origem somali Mo Farah, bicampeão olímpico dos 5.000 e 10.000 metros, defendeu ser «um atleta limpo», que nunca infringiu as regras em matéria de substâncias proibidas.

O jornal britânico Sunday Times noticia na sua edição deste domingo, com base em documentos da agência antidoping norte-americana (USADA) a que dizem ter tido acesso, que Alberto Salazar, treinador de Mo Farah, recorreu a substâncias proibidas para aumentar os níveis de testosterona e melhorar o rendimento dos seus atletas.

De acordo com os documentos citados pelo jornal, Farah e outros atletas treinados por Salazar consumiram um suplemento baseado na substância L-carnitina (aminoácido proibido acima de um certo limite e concentração).

«Sou um atleta limpo, que nunca infringiu as regras relativamente ao consumo de substâncias, métodos ou dosagens», indicou o atleta, presença habitual na Meia-Maratona de Lisboa, em comunicado.

Para Mo Farah, caso a USADA «ou qualquer outra organização antidoping tenha provas irrefutáveis» sobre o recurso de atletas a substâncias proibidas, «devem publicá-las e tomar medidas».

Em comunicado, a USADA indicou apenas ter elaborado «um relatório preliminar em resposta à solicitação de um organismo público, relativa a tratamentos ministrados por um médico a atletas integrados no Nike Oregon Project», escusando-se a fazer mais comentários «enquanto prosseguir a investigação».

Em 2015, um documentário da BBC acusou Alberto Salazar - antigo maratonista norte-americano e treinador responsável pelo ressurgimento do meio-fundo nos Estados Unidos – de ter encorajado o doping de atletas com medicação proibida à base de testosterona.

Steve Magness, que já foi adjunto de Salazar, disse ter ficado chocado quando viu documentos com os níveis de testosterona de alguns atletas, em 2011.

Salazar defende-se da acusação, afirmando tratar-se de uma referência errada ao suplemento permitido Testoboost.

O documentário apresentava vários outros atletas e técnicos que passaram pelo projeto Oregon, consensuais em referir que Salazar recorria ao uso de substâncias proibidas.

Em julho de 2015, a federação de atletismo do Reino Unido afirmou não dispor de qualquer evidência de eventuais ilícitos de doping de Mo Farah ou irregularidades no seu regime de treino no Projeto Oregon.

«Em nenhum ponto a extensiva informação do grupo de supervisão de desempenho (POG) contem alguma evidência de comportamento inapropriado de Mo Farah nem deu à federação alguma razão para questionar se é apropriado a capacidade que o projeto Oregon deu ao seu regime de treino», referiu a instituição.

Mo Farah, de 33 anos, está no grupo de Salazar desde 2011 e desde então a sua carreira tem sido especialmente bem-sucedida, com os dois títulos olímpicos, nos Mundiais de 2013 e nos Europeus do ano passado, entre outros sucessos.