Moncho López foi um dos obreiros do título nacional de basquetebol que, pelas suas circunstâncias, é único na história do FC Porto. O clube alcançou o topo do basquetebol português logo no primeiro ano em que regressou, após três anos nos escalões secundários.  O espanhol concedeu uma entrevista à Lusa em que abordou a época dos campeões nacionais, recordou os tempos passados na formação dos dragões, perspetivou a próxima época e por último definiu o que é «ser Porto».

O treinador admitiu que não acreditava que pudesse ser campeão em tão pouco tempo e garante que foi preciso «ter coragem para pensar no título». «Exatamente há quatro anos não tinha coragem para pensar que íamos ser campeões em tão pouco tempo. Durante os quatro anos, em muitos momentos, tive sensações boas e obviamente ambicionava, com os pés bem assentes no chão, conquistar títulos. Esta época, ganhámos uma taça, a Taça Hugo Santos, e aí sim, atrevi-me a pensar que era possível», começou por confessar o técnico dos dragões.


De acordo com o técnico portista, o feito conquistado pelo FC Porto esta época começou há três anos, quando os portistas desistiram das provas nacionais, optando apenas por um projeto da formação. A criação do Dragon Force foi, na opinião de Moncho López, fundamental nesta escalada. «Este título é muito Dragon Force. As pessoas pensam: mas porquê? Porque há jogadores formados lá? Eu respondo logo, não só. É porque há um estilo de jogo, um modelo de treino, há uma postura perante a competição que foi consolidada nestes anos de escalões secundários, que foi muito interiorizado pelos jogadores», destacou.


Ao longo de um caminho com altos e baixos, o líder da equipa do FC Porto assegurou que nunca pensou em desistir e explicou por que motivo decidiu permanecer mais um ano a disputar a Proliga.

«Nunca pensei desistir. Foi um percurso confortável. Há duas épocas vencemos a Proliga e eu tinha o objetivo pessoal de querer estar na Liga com aquele grupo, mas também entendi que não era o momento. A equipa precisava de mais um ano na Proliga. Felizmente, um ano depois, melhorou o sistema de competição, alterou-se o número de jogadores estrangeiros, e nós tínhamos mais um ano imaculado no qual ganhámos todos os jogos da Proliga e sentimos que estávamos prontos. Acabámos por dar esse passo. Mas desistir nunca», esclareceu.

Embora note muitas diferenças desde a última vez que estiveram no campeonato principal, o galego confessa que prefere o basquetebol que agora se joga em Portugal.

«Naquela época, em que ainda estávamos no campeonato principal, a nossa equipa era fortíssima e muito experiente. Penso que o campeonato era menos equilibrado. Benfica e FC Porto destacavam-se de tudo o resto. E este ano, nós temos uma equipa mais jovem, com as coisas boas e más que isso tem, mas gosto do espírito da equipa e da capacidade de crescimento. E no campeonato que nos envolve penso que é mais equilibrado. Há mais probabilidade de perder jogos. E isso é mais aliciante para um treinador. Eu gosto mais do cenário atual de como está o basquetebol em Portugal», frisou.

Concluída a época, Moncho López já sabe o que pretende da equipa na próxima temporada: Manter o núcleo duro da equipa, lutar pelo título e continuar nas competições europeias. Por último, o treinador que já se encontra há vários anos ao serviço do FC Porto, deu a sua definição do que é «ser Porto».  

«Ser Porto não é fácil definir. É tão complicado como quando te perguntam o que é o amor. Ser Porto é uma postura perante a vida. É uma doença saudável. É uma força poderosa», concluiu.