O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) pediu um esclarecimento público à Autoridade Antidopagem de Portugal (AdoP) pela fuga de informação sobre hipotéticos casos de dopagem, que diz ter criado aquilo que diz ser «um clima de suspeição prematuro» no desporto português.

«Numa situação deste tipo, criar uma perceção da realidade na base de suspeitas parece-me grave. E quando digo grave, não estou a fazer o juízo de valor sobre o trabalho do jornalista, que fez o seu trabalho, mas que teve acesso a informação privilegiada, a que não devia ter tido. O problema está na fonte que forneceu este tipo de informação, que deve obedecer a princípios de reserva, atendendo a que há ainda um conjunto de procedimentos que são necessários para que se verifique se há ou não anomalias. Nesta circunstância e perante aquilo que ocorreu, eu esperaria, da parte da AdoP, um esclarecimento público. E não houve», referiu José Manuel Constantino à agência Lusa.

O dirigente referia-se a uma capa do jornal «A Bola», que noticiou a existência de onze casos de alterações do perfil no passaporte biológico de atletas portugueses, com base numa fonte da AdoP. «A notícia diz ‘fonte diretamente ligada ao processo’. Se é fonte da AdoP, é alguém que tem acesso a informação que é confidencial», apontou José Manuel Constantino.

«Nós não estamos diante de casos, estamos diante de um conjunto de indicadores que justificam que os peritos se pronunciem para percebemos que tipo de situações teremos pela frente. Houve um conjunto de análises que revelaram, relativamente ao passaporte biológico, alterações que justificam que o painel de peritos se pronuncie. Só depois é que podemos percecionar se esses indicadores são reveladores. Nesse momento, os atletas terão de ser notificados, se for caso disso. Neste momento é prematuro criar suspeitas», disse ainda.

José Manuel Constantino considera que as federações e modalidades referidas na reportagem de «A Bola» fora penalizadas, nomeadamente o ciclismo. «Face ao histórico que o ciclismo tem em termos mundiais, face a alguns casos a nível nacional, qualquer dúvida que se levante sobre atletas é dramática. Estas coisas têm de ser tratadas com elevado grau de responsabilidade», sublinhou.