A Interpol anunciou a abertura de uma investigação à escala mundial, na sequência da publicação do relatório da Agência Mundial de Antidopagem (AMA) que pediu a suspensão da Federação Russa de Atletismo, devido a práticas de doping.
 
A Organização Internacional de Polícia Criminal vai coordenar a investigação ao que qualificou de «dopagem organizada», não restringindo a investigação à Rússia e ao atletismo.
 
Este anúncio surgiu pouco depois e da Comissão Independente (CI) da AMA ter pedido à Federação Internacional de Atletismo (IAAF) a suspensão da Federação Russa e a retirada da acreditação ao laboratório de Moscovo.
 
A Comissão Independente acusa os serviços secretos russos de intimidação e recomenda a suspensão para a vida de cinco atletas e dois treinadores, entre os quais Maria Savanova, campeã olímpica dos 800 metros.
 
Para além disso, a CI considera que estes casos de doping não poderiam ter acontecido sem o conhecimento e consentimento do governo russo. Quem o afirma é Dick Pound, o homem que chefia uma comissão de três elementos que investiga os casos de doping: «Tudo isto não seria possível de acontecer sem o conhecimento das autoridades estatais.»
 
A AMA quer o impedimento da Rússia de estar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, e no relatório que apresentou chega a referir que os Jogos de Londres, em 2012, foram «sabotados» com a participação de atletas dopados.
 
Este relatório é unicamente sobre a Rússia e no atletismo, mas a AMA considera que a «dopagem organizada» também diz respeito a outros países e outros desportos.
 
«Completamente chocado»
 
O relatório da AMA motivou uma série de reações. O novo presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), Sebastian Coe, fez um ultimato à Federação russa, exigindo que responda até ao final da semana às acusações. «Quero uma explicação. Estou completamente chocado com estas acusações», disse o britânico.
 
O Comité Olímpico Internacional (COI), por sua vez, garantiu que tem confiança em Sebastian Coe para empreender «todas as medidas necessárias» no âmbito do escândalo de dopagem que envolve o atletismo russo. «Trata-se de um relatório profundamente chocante e triste para o mundo do desporto. O COI confia na nova direção da IAAF, sob a égide do seu presidente Sebastian Coe, para empreender todas as medidas necessárias», diz um comunicado do COI.
 
Quanto à Rússia, depois de um dirigente da associação antidopagem ter dito que as acusações da AMA era infundadas, o governo veio garantir que «seguirá» as recomendações da IAAF. «Se, a partir do relatório da comissão da AMA, as instâncias internacionais, como a IAAF ou a própria AMA, emitem recomendações, nós segui-las-emos, evidentemente», disse o ministro dos desportos, Vitaly Mutko.