Há mais dois mestres no futebol português. Nuno Dias, treinador da equipa de futsal do Sporting, defendeu «com distinção», na Universidade da Beira Interior, a dissertação de mestrado, que teve como orientador o adversário Bruno Travassos, técnico do Fundão e docente na instituição da Covilhã.

O treinador dos leões analisou a «Representatividade dos Exercícios de Treino em Relação ao Jogo no Futsal», enquanto o seu adjunto, Paulo Luís, submeteu à apreciação do júri a dissertação «Controlo do Treino e Avaliação do Desempenho em Futsal».

«Foi um processo muito interessante. Sempre que trabalhamos com alunos que já estão no ‘mercado’, que já têm experiência, o processo é muito mais rico. Quem está no terreno tem muitos problemas para resolver, muitas dúvidas, muitas questões», disse à agência Lusa Bruno Travassos.

«Mais do que os resultados, o mais rico foi a própria reflexão, a discussão que surgiu e que nos permitiu, na parte das implicações práticas, deixar algumas reflexões para a operacionalização dos processos de treino», acrescentou o treinador do Fundão.

Bruno Travassos destaca ainda o cruzamento entre a teoria e a prática como uma forma de dar resposta a situações concretas. «Esta aproximação é fundamental para fazer refletir quem está no treino e para permitir que, quem está na academia a estudar as coisas de uma forma mais abrangente, possa também ir buscar os problemas dos treinadores para, na realidade, estudar situações que tenham uma aplicação na ação do dia a dia. O nosso percurso tem sido o de cada vez mais aproximar o treino e a investigação.»

Na investigação, Nuno Dias verificou que quanto mais ele treinava um comportamento, mais golos surgiam dentro desse contexto. Por outro lado, quando treinou a parte defensiva, não houve relação no tempo despendido no treino de organização defensiva com os golos que sofreu.

«Isto é uma reflexão interessante, que nos leva a pensar se controlamos mais o ataque ou a defesa, ou se isso poderá ser totalmente diferente em função da equipa que se está a analisar», sublinha o orientador.

Nuno Dias concluiu o mestrado com 17 valores, e o seu adjunto, Paulo Luís, com 18. «Foram dois bons alunos. Aplicados, com problemas, com dúvidas, a quererem saber sempre mais. Não a quererem despachar, mas a quererem fazer as coisas com qualidade e objetivos bem claros», elogiou Travassos.