Eu em vez de nós. 2014 foi um ano em que o foco nas modalidades esteve, principalmente, nas grandes figuras individuais. As performances coletivas acabaram ofuscadas pelos feitos de homens como Rafael Nadal, Kobe Bryant, Vicenzo Nibali, Lewis Hamilton ou Marc Marquez.
 
Houve recordes a cair, performances de sonho, algumas surpresas e uma certeza: o século XXI continua bem capaz de criar referências e transformá-las em homens a seguir nas mais variadas modalidades.
 
Começando pelo ténis, por exemplo. Rafael Nadal venceu, pela nona vez, o Roland Garros. Recorde. Nunca ninguém havia ganho tantas vezes o mesmo Grand Slam. Nem mesmo Roger Federer, num ano em que mostrou uma evidente tentativa de renascimento, coroada com a conquista da Taça Davis para a Suíça. Não é um dos grandes torneios, mas era a única falha visível no currículo do tenista.
 

Falar em Federer é, também, recordar a excelente final de Wimbledon, perdida para Novak Djokovic. O sérvio, que perdera em França para Nadal, protagonizou, provavelmente, o jogo do ano no relvado britânico.
 
Será, também, um ano inesquecível para Stanislas Wawrinka que, na Austrália, venceu o primeiro Grand Slam da carreira, batendo Djokovic. Nos EUA a vitória foi para Maric Cilic, outro estreante, por ventura na maior surpresa do ano.
 
Nas mulheres, a divisão também foi salomónica. Na Li ganhou na Austrália, antes de abandonar a carreira devido a lesão; Maria Sharapova em Roland Garros; Petra Kvitova em Wimbledon e Serena Williams salvou a temporada ao conseguir o terceiro título consecutivo nos EUA (18º Grand Slam da carreira).
 
Recorde na maratona, domínio de Nibali e recuperação de Contador
 
Continuando nos feitos individuais, apesar da ausência de grandes competições, exceção aos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, sem grande expressão por estes lados, algumas marcas importantes caíram no atletismo, por exemplo.
 
Desde logo, o recorde do mundo da maratona, batido pelo queniano Dennis Kimetto na prova de Berlim. Completou a distância em 2h02m57s, tirando 26 segundos à anterior melhor marca, que pertencia ao compatriota Wilson Kipsang, e tornando-se o primeiro a correr uma maratona em menos de 2h03ms.
 
No salto com vara, outra marca emblemática caiu, este bem mais duradoura: o francês Renaud Lavillenie saltou 6,16 metros, tirando um centímetro ao anterior recorde que pertencia ao mítico Sergey Bubka e tinha 21 anos.
 
Também no ciclismo recordes caíram. Jens Voigt bateu o recorde da hora na Suíça, mas ainda antes do final do ano Matthias Brandle superou a marca do alemão e estabeleceu-a nos atuais 51km850m.
 
Mas, claro está, falar de ciclismo é falar do Tour de França e aí um nome sobressai: Vicenzo Nibali. O italiano da Astana venceu com autoridade a edição deste ano da maior prova de ciclismo do mundo, aproveitando os abandonos precoces devido a quedas de Chris Froome e Alberto Contador, inicialmente os favoritos. Nibali fez a prova perfeita e deu espetáculo.
 


O grande ausente do Tour foi Nairo Quintana, vencedor do Giro. Contador que fraturou a tíbia na queda sofrida, recuperou a tempo da Volta a Espanha e venceu-a outra vez. Já vão três.
 
Nos Mundiais, Bradley Wiggins venceu a prova de Contrarrelógio e o polaco Michal Kwiatkowski sucedeu a Rui Costa como campeão do mundo de estrada.
 
Motores: fim da era Vettel e um Marquez arrasador
 
Nas corridas com motor, o ano fica indubitavelmente marcado pelo fim da era Sebastian Vettel na Fórmula 1. A Mercedes dominou e Lewis Hamilton levou o título.
 
Isto num ano ensombrado pelo acidente de Michael Schumacher no final de 2013, que levou todos os fãs a aguardar notícias ao longo de vários meses. A recuperação continua, tal como para Jules Bianchi, que sofreu um gravíssimo acidente no Grande Prémio do Japão e também luta pela vida.
 
2015 promete novidades na F1, até porque Vettel estará na Ferrari e Fernando Alonso voltou à McLaren.
 
Nos outros campeonatos, o destaque maior é o prodígio Marc Marquez, o mais jovem bicampeão de sempre do MotoGP, com direito a recorde de pole-positions e vitórias numa temporada.
 
A Argentina festejou com José Maria López, no WTCC, o primeiro título mundial no desporto a motor desde Juan Manuel Fangio, ao passo que Espanha bisou no Dakar: Nani Roma ganhou nos carros (terceiro a vencer nas duas e quatro rodas), Marc Coma fez o tetra nas motos.
 
No WRC a época foi tirada a papel químico da anterior: Volkswagen e Sebastien Ogier não tiveram concorrência. Só poderia dar bi. E deu.
 
Americanices, futsal e andebol
 
No basquetebol, os EUA continuam a ser reis, vencendo o Mundial deste ano, que decorreu em Espanha e foi de grande desilusão para os locais, pela eliminação nos quartos-de-final frente a França. A Sérvia, que ficara em quarto no grupo da Espanha e passara à tangente, foi a finalista derrotada.
 
Na NBA o título mudou de mãos. Os bicampeões Miami Heat foram derrotados pelos San Antonio Spurs no quinto jogo da final, numa época marcada pelo regresso de LeBron James aos Cavaliers e pelo marca de Kobe Bryant que, mesmo longe dos melhores tempos, superou os números da lenda Michael Jordan e tornou-se o terceiro melhor marcador de sempre do campeonato.
 
Ainda por terras do «Tio Sam», a final do Superbowl teve um vencedor inédito. Os Seattle Seahawks conquistaram o primeiro título de sempre da NFL, batendo os Denver Broncos na final.
 
Por fim, destaque para o título europeu ganho pela Itália no Futsal, batendo a Rússia por 3-1 no jogo decisivo e para o tri da França no Euro de Andebol, depois de vencer a anfitrã Dinamarca, campeã em título. A nível de clubes, os alemães do SG Flensburgo ficaram com o título europeu pela primeira vez na sua história, numa final 100 por cento germânica frente ao THW Kiel.

O Balanço das Modalidades a nível Nacional