O antigo treinador da Sky e da seleção britânica de ciclismo, Shane Sutton, reconheceu este sábado que a equipa recorreu a autorização de uso terapêutico [AUT] para melhorar os desempenhos desportivos dos seus ciclistas.

«Se tiverem um desportista que está a 95% do seu melhor nível e que para atingir os 5% que lhe faltam, devido a uma lesão ou a algum motivo incapacitante, precisa de uma AUT, é óbvio que a vamos pedir», admitiu Sutton à BBC, no âmbito de um documentário que será difundido no domingo.

Uma das componentes da estratégia vencedora da Sky, equipa que tem dominado a Volta a França, nomeadamente com Chris Froome, são os famosos «marginal gains», ou seja, ganhos individuais, que permitem melhorar a performance coletiva.

Quando questionado sobre se os AUT poderiam ser usados no quadro dessa estratégia, Sutton respondeu: «Essas melhorias podem passar pela obtenção de uma autorização de uso terapêutico? Sim, porque o regulamento assim o permite.»

«Estamos numa profissão na qual é preciso dar o melhor de si mesmo em relação aos adversários. No final do dia, o objetivo é esmagá-los, sem que seja atravessada a linha vermelha, coisa que nunca fizemos», acrescentou.

As declarações proferidas por Sutton foram reveladas poucos dias depois de a investigação à equipa britânica, movida pela Agência Britânica antidopagem na sequência da entrega de um pacote suspeito ao vencedor do Tour2012, Bradley Wiggins. Porém, a investigação não conseguiu comprovar que a substância contida na mala entregue a Wiggins fosse um corticoide proibido chamado triamcinolona.

Recorde-se que Wiggins foi o primeiro britânico da Sky a vencer o Tour. Seguiram-se depois as conquistas de Chris Froome, vencedor em 2013, 2015, 2016 e 2017.