Desde o passado mês de dezembro que o cenário político mundial foi alterado com o reatar das relações entre os Estados Unidos e Cuba. E com esta aproximação (no primeiro passo) política vêm muitas mais, como as económicas. Outra delas, como se verificou neste fim de semana, toma a forma desportiva.

O basquetebol profissional norte-americano deslocou-se a Cuba para desenvolver a modalidade na ilha das Caraíbas levando consigo vários formadores. Entre estes seus embaixadores, numa primeira linha composta por antigos jogadores estrangeiros, há uma portuguesa: Ticha Penicheiro.
 



Os americanos chegaram a Cuba na quinta-feira para um workshop de quarto dias até este domingo. O congolês Dikembe Mutombo e o canadiano Steve Nash foram os basquetebolistas retirados que levaram a cara da NBA até à ilha durante mais de 50 anos embargada. Ticha Penicheiro levou consigo o lado feminino do basquetebol dos Estados Unidos, a WNBA.



Chegaram a Havana, foram diretos do aeroporto para as conferências de imprensa protocolares e logo depois para um treino com a equipa nacional feminina de Cuba. James Borrego (Orlando Magic) e Quin Snyder (Utah Jazz) foram os técnicos que integraram a comitiva da NBA.

Deixa de haver embargo. Abrem-se as fronteiras. É a deixa ideal para levar a Cuba a «Basketball Without Borders», o programa conjunto da NBA e da FIBA para promover o desenvolvimento de basquetebolistas jovens e uma integração social assente na educação e na saúde.

Estes quatros dias foram destinados a observar jogadores, a treinos, à orientação de cursos para jovens jogadores e árbitros. Além da formação, a iniciativa da associação de basquetebol profissional dos EUA e da federação europeia foi a Cuba também traduzir-se na renovação de campos de jogos.

O basquetebol é um dos desportos preferidos dos cubanos (como o beisebol,o  boxe ou o futebol). Cuba chegou a ganhar a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972. As estrelas dos Estados Unidos reconhecem potencialidades nos jogadores locais. Ticha Penicheiro referiu ao «OnCuba» que as jogadoras cubanas «têm todas as capacidades físicas», mas frisa que «têm de trabalhar para desenvolver as suas potencialidades».

«O mundo conhece Cuba pelos seus atletas e estes campos de treino vão ajudar a melhorar a qualidade do basquetebol por cá», afirmou Steve Nash. O sucesso foi documentado pelo próprio.
 
 

Amazing day dedicating a court and giving a clinic to these beautiful and talented kids with @NBA in Havana yesterday...

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A NBA foi a primeira liga profissional dos Estados Unidos a ir a Cuba depois que cessou o embargo. Poucos dias antes, o governador de Nova Iorque congratulava-se em Havana por ser o primeiro no seu cargo a estar em Cuba, no âmbito de uma «missão comercial».

Dikembe Mutombo fez questão de dizer que o «Basketball Without Borders» foi a Cuba com uma missão desportiva e não política, pois «trata-se mais de uma troca cultural». «Trata-se mais do futuro dos jovens e de como queremos que desenvolvam o basquetebol», disse o antigo jogador dos Houston Rockets.

Mantendo o levantamento do embargo ao plano desportivo, o Cosmos de Nova Iorque (para onde foi jogar o espanhol Raúl González) tem já prevista para o próximo mês de junho uma viagem à ilha agora aberta aos EUA.