O Sporting conseguiu em Moreira de Cónegos o essencial: somou três pontos, alcançou a quarta vitória consecutiva e intensificou a pressão sobre o Benfica. Já agora, foi um excelente jogo de futebol.
Tudo começou muito bem. O Moreirense apareceu com três centrais, mas os sectores actuavam muito juntos e isso permitia à equipa de Jorge Jesus iludir a realidade: o último recebia o terceiro, candidato ao título. Mérito do treinador e dos jogadores que interpretaram na perfeição uma estratégia onde também cabiam três avançados e Afonso Martins para tentar descobrir algum espaço entre a dupla de centrais que o Sporting estreava, Polga e Miguel Garcia.
Até ao primeiro golo, de Douala, o jogo foi intenso e bonito, com poucas faltas e muita inteligência. Manoel acertou na barra, Liedson também. Podia cair para qualquer lado. Caiu para o camaronês, que aproveitou na perfeição uma assistência do «31» para as costas da defesa. Dois minutos depois o mesmo Douala foi travado¿pelo auxiliar de Mário Mendes. Um erro que impediu o extremo sportinguista de resolver logo ali o jogo.
Que pena, o intervalo
Ao intervalo a sensação era óptima: bom jogo, muito atraente. Estava a vencer o Sporting, mas qualquer um dos outros resultados possíveis também seria correcto. No balneário ficou o mais interveniente dos jogadores, Douala, e Pedro Barbosa não arrancou mais uma grande exibição.
Agora com Sá Pinto mais próximo de Liedson, o Sporting pareceu demasiado cedo convencido de que acabaria por resolver a coisa. Não com um grande futebol, como em outras noites, mas essencialmente com atenção. Com menos espaço, o Moreirense foi também perdendo brilho. Tudo isto era verdade até que Fernando transformou um livre dobre a direita num golo, com a cumplicidade de Orlando e a ineficácia de Ricardo.
Nem deu para perceber o que este golo realmente queria dizer. Dois minutos depois, João Moutinho aproveita mais uma vez um passe para as costas da defesa do Moreirense e remata, isolado, contra João Ricardo. A reacção de Sá Pinto foi a mais rápida e num instante o Sporting voltava a ganhar.
Para uma equipa no último lugar, este golpe era demasiado forte. O Moreirense tentou, é verdade que sim, mas pouco mais do que isso. Até porque logo a seguir Ricardo fez esquecer dois ou três momentos menos felizes com uma assistência que isolou Liedson para o terceiro golo. Confirmou-se a ideia, o brasileiro deixa a sua marca em todas as vitórias do Sporting.
O jogo terminou logo ali, mas na prática ainda deu para Miguel Garcia entrar de forma violenta sobre Demétrios (viu amarelo, vermelho era a cor) e para o mesmo Demétrios desperdiçar uma oportunidade construída por Lito. Para os de Moreira de Cónegos deve ter sido o fim, ou algo parecido com isso. Para o Sporting foi a confirmação do excelente ciclo: quatro vitórias seguidas, logo no preciso momento em que se decide o campeonato. A felicidade deve ser isto.