Doze anos separam os dois. João Moutinho tem apenas dezoito primaveras, acabou de chegar à maioridade, Jorge Duarte já entrou na casa dos trinta. O médio sportinguista acumula cinco meses de Superliga, o trinco do Moreirense já cá anda há cinco épocas. É portanto toda uma geração que separa o futebol dos dois jogadores. Na segunda-feira, e por imposição dos lugares que ocupam no terreno, vão estar em confronto directo.
Ora falando desse duelo, Jorge Duarte, um senhor que nos habituámos a ver ao mais alto nível, não se assusta nem um pouco. «Já tenho alguma experiência de Superliga», sublinha. «Já marquei jogadores de grande nível, marquei por exemplo o João Pinto, o Carlos Alberto, entre muitos outros. Nunca me intimidei e desta vez também não o vou fazer. Tentarei jogar com a minha experiência e colocar em campo o que sei fazer».
Apesar de tudo não desmente que lhe saiu a fava do jogo, a nova coqueluche do futebol português, o elemento que carbura toda aquela máquina de jogar futebol que tem sido o Sporting. «O João Moutinho possui génio para jogar futebol», refere. «Tem mostrado ser um jogador que cresceu bastante nos últimos tempos, que tem muito valor e que em breve tornar-se-á mais um caso de sucesso de vendas para o Sporting. A simplicidade dele a jogar é fantástica». Os jogos transmitidos na televisão têm-lhe permitido fazer a radiografia do adversário directo de segunda-feira, pelo que o trinco deixa as coordenadas gerais de uma marcação que promete impiedosa. «A forma mais indicada para o marcar é não deixar que ele se vire para a baliza», diz.
É nesse aspecto que vai ter de utilizar toda a sua experiência. «Ele é um jogador rápido a executar e muito rápido a pensar. Sei que posso ter muitas dificuldades se o deixar enquadrar-se com a baliza, é um jovem muito forte no um para um e se me encarar de frente penso que poderá ganhar o duelo facilmente». Ora nesse aspecto sobra a prevenção. «Terei de encarar o duelo com extrema eficácia e estar permanentemente concentrado a todos os movimentos deles. Não posso permitir que ele se direccione para a frente, porque é muito forte ofensivamente - as soluções atacantes que constrói são claramente o seu ponto forte - e pode facilmente criar desequilíbrios através de uma jogada individual ou através de uma assistência para um companheiro».
«Se não tivessem ganho ao Newcastle o nosso jogo ia ser muito difícil»
Jorge Duarte acompanhou o jogo do Sporting frente ao Newcastle pela televisão, um jogo que veio confirmar todo o perigo que é a equipa de José Peseiro. Apesar de tudo não considera líquido que o resultado de ontem tenha sido bom para os leões na perspectiva da partida com o Moreirense. «Pode ser bom para eles porque vêm confiantes. Mas se vêm com uma confiança tal que menosprezem esta equipa, então podem sentir grandes dificuldades», diz. «Se o Sporting não tivesse passado a eliminatória, o nosso jogo iria ser muito complicado. Como passaram a eliminatória, e da forma como passaram, ficam dúvidas. Podem estar a pensar que será fácil defrontar esta equipa e isso só nos vai beneficiar». Certa é a disposição do Moreirense. «Nós estamos obrigados a vencer porque só assim poderemos sonhar com a manutenção».